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Infectologia18 abril 2024

Febre hemorrágica brasileira: o que você precisa entender hoje? 

A febre hemorrágica brasileira é uma das chamadas febres hemorrágicas, zoonoses virais caracterizadas por febre e manifestações hemorrágicas. 

Dentre as febres hemorrágicas, enquadram-se diversas doenças com distribuição internacional (como as causadas pelos vírus Ebola ou Marburg) e nacional (como a febre amarela e hantavirose). Dentre as últimas, uma doença pouco conhecida, a febre hemorrágica brasileira destaca-se por sua alta letalidade e emergência no cenário epidemiológico. 

Febre hemorrágica brasileira o que você precisa entender hoje 

Agente etiológico e epidemiologia 

A febre hemorrágica brasileira é causada pelo vírus Sabiá, um arenavírus, pertencente ao gênero Mammarenavirus, que infecta mamíferos. Até o momento, cinco casos de infecção em humanos foram identificados no país, sendo o último em 2020, em um indivíduo adulto procedente de Sorocaba (SP). 

Como outras febres hemorrágicas virais, roedores silvestres atuam como reservatórios naturais e a transmissão para o homem se dá por meio da inalação de aerossóis formados a partir da urina, fezes ou saliva dos animais infectados. Eventualmente, pode ocorrer transmissão também por meio de mordeduras. A transmissão pessoa a pessoa pode ocorrer com contato próximo prolongado ou em ambientes hospitalares, quando há contato com secreções contaminadas ou durante a realização de procedimentos geradores de aerossóis. 

Os casos identificados no Brasil ocorreram no estado de São Paulo, tanto por infecção natural quanto por acidentes em laboratório. 

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Quadro clínico da febre hemorrágica brasileira

O período de incubação da doença varia de 5 a 21 dias, sendo mais frequentemente de 6 a 14 dias. Após esse tempo, o quadro se inicia com febre, mal-estar, mialgia, dor epigástrica e retro-orbital, cefaleia, vertigem, fotofobia e constipação. Pode haver também comprometimento neurológico, conforme a doença progride. 

A doença pode evoluir com comprometimento hepático grave, diáteses hemorrágicas e síndrome de extravasamento capilar, que pode resultar em choque e edema pulmonar. Alterações laboratoriais, como leucopenia com linfocitopenia e trombocitopenia, também podem estar presentes. 

Diagnóstico 

O diagnóstico é feito por meio de realização de RT-PCR e sequenciamento genético viral. Sorologia também é uma ferramenta diagnóstica possível.  

Tratamento 

O tratamento é principalmente de suporte. Embora não haja tratamento específico para a doença pelo vírus Sabiá, o uso do antiviral ribavirina mostrou resultados positivos em casos causados pelo vírus da febre do Lassa e acredita-se que possa ter ação contra outros arenavírus. Pacientes com caso suspeito ou confirmado devem ser mantidos em precaução por aerossol. 

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Vigilância 

Para efeito de vigilância, consideram-se como exposições de risco: 

  • Contato com sangue ou outros fluidos corporais de um paciente com Febre Hemorrágica por Arenavírus; 
  • Residência ou viagem para uma área endêmica de Febre Hemorrágica por Arenavírus ou área com transmissão ativa; 
  • Trabalhar em um laboratório que lida com amostras de Febre Hemorrágica por Arenavírus;
  • Trabalhar em um laboratório que lida com morcegos, roedores ou primatas de uma área endêmica de Febre Hemorrágica por Arenavírus ou área com transmissão ativa;
  • Exposição sexual ao sêmen de um caso confirmado de Febre Hemorrágica por Arenavírus agudo ou clinicamente recuperado.

Define-se como caso suspeito os pacientes que apresentam febre alta — acima de 38 °C — com exposição de risco em até 3 semanas antes do início dos sintomas associada a pelo menos um dos sinais e os sintomas a seguir: 

  • Dor de cabeça; 
  • Dores musculares; 
  • Manifestações hemorrágicas; 
  • Vômito ou diarreia; 
  • Faringite; 
  • Dor abdominal; 
  • Dor no peito; 
  • Proteinúria; 
  • Trombocitopenia.

A presença de sinais e sintomas de alerta em contatantes é de notificação obrigatória imediata, devendo ser feita em até 24 horas.

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Referências bibliográficas

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