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Saúde12 março 2025

Um a cada três brasileiros vive com obesidade, mostra relatório global

Obesidade cresce no Brasil e no mundo, evidenciando que se trata de um problema de saúde pública

A obesidade tem se tornado um problema crescente no Brasil e no mundo. Dados recentes do Atlas Mundial da Obesidade 2025 (World Obesity Atlas 2024), da Federação Mundial da Obesidade (World Obesity Federation – WOF), revelam que cerca de um a cada três brasileiros (31%) vive com obesidade. No total, 68% da população tem excesso de peso, sendo 37% com sobrepeso. Além disso, entre 40% e 50% dos adultos no país não praticam atividade física regularmente, fator que contribui para o aumento dos índices.

O estudo ainda aponta uma projeção preocupante: até 2030, o número de homens com obesidade pode aumentar em 33,4%, enquanto entre as mulheres o crescimento pode chegar a 46,2%. A obesidade está associada a várias doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes tipo 2 e acidente vascular cerebral (AVC). Em 2021, essas doenças foram responsáveis por 60,9 mil mortes prematuras no Brasil.

A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) defende que a questão seja tratada como um problema de saúde pública, e não apenas como uma responsabilidade individual. “Não adianta dizer para uma pessoa que trabalha o dia todo e passa horas no transporte público que ela precisa ir para a academia e comer mais frutas e legumes”, argumenta o endocrinologista Marcio Mancini.

Leia também: Novos critérios diagnósticos e definições de obesidade

Aumento de taxas sobre bebidas açucaradas, colocação de avisos em rótulos de alimentos com altos teores de açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio, além da redução do preço de alimentos saudáveis estão entre as medidas sugeridas para reversão das estatísticas. Especialistas ainda destacam a necessidade de campanhas permanentes de educação alimentar nas escolas, melhorias no urbanismo para incentivar caminhadas e espaços de lazer acessíveis em todas as regiões das cidades.

Cenário global

A preocupação com a obesidade também é mundial. O Atlas revela que mais de 1 bilhão de pessoas vivem com obesidade, e esse número pode ultrapassar 1,5 bilhão até 2030, caso medidas eficazes não sejam adotadas. Dois terços dos países não estão preparados para enfrentar esse crescimento, e apenas 7% possuem sistemas de saúde adequados para lidar com o problema.

Segundo estimativas publicadas no The Lancet, até 2050, 3,8 bilhões de adultos e 746 milhões de crianças e adolescentes viverão com sobrepeso ou obesidade, uma “tragédia profunda” e uma “falha social monumental”, segundo pesquisadores do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), nos Estados Unidos.

Os dados indicam que a prevalência da obesidade mais que dobrou entre 1990 e 2021, com um aumento de 121% previsto entre jovens até 2050. O número de crianças e adolescentes com obesidade deve atingir 360 milhões até 2050, com os maiores aumentos esperados na África Subsaariana, Ásia e América Latina.

Em termos comparativos, os índices brasileiros ainda são melhores que os dos Estados Unidos, onde 75% da população tem excesso de peso e 44% apresenta obesidade. No entanto, ficam atrás de países como a China, que tem 41% da população com excesso de peso e 9% com obesidade. “Apesar de uma piora na alimentação do brasileiro, ainda não atingimos os níveis de consumo de ultraprocessados dos EUA, o que nos dá uma janela de oportunidade para reverter esse cenário”, analisa Mancini.

Saiba mais: Estudo aponta que 1 a cada 5 crianças do mundo está acima do peso

Mudar o Mundo Pela Saúde

Diante da crise da obesidade, o movimento Mudar o Mundo Pela Saúde busca mobilizar governos e sociedade para implementar mudanças efetivas. No Brasil, a Abeso e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) lançaram um e-book gratuito com propostas de políticas públicas e iniciativas privadas para melhorar a prevenção e o tratamento da obesidade.

Os especialistas alertam que ainda há tempo para evitar uma transição irreversível para a obesidade infantil e adulta. Mas, para isso, é fundamental que os governos adotem políticas efetivas e que a sociedade entenda a gravidade da situação, exigindo medidas concretas para conter essa epidemia global.

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Referências bibliográficas

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