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Saúde21 novembro 2025

Saúde e OMS alertam para risco de paralisação de hospitais por causas climáticas

Relatório da COP30 alerta para impactos da crise climática e reforça necessidade de Plano de Ação para emergências climáticas
Por Redação Afya

As mudanças climáticas não ameaçam apenas a saúde dos pacientes, mas também a capacidade dos hospitais de manter seu funcionamento. Um novo relatório divulgado durante a COP30 pelo Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 1 em cada 12 hospitais no mundo pode estar em risco de paralisação sob cenários extremos de clima.

O relatório especial da COP30, “Saúde e Mudanças Climáticas: Implementando o Plano de Ação em Saúde de Belém”, também destaca que mais de 540 mil pessoas morrem por calor extremo a cada ano. O documento faz um apelo por ações para proteger a saúde das pessoas pensando na crise climática.

Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o relatório comprova – com dados e evidências – que as mudanças climáticas já impactam diretamente os sistemas de saúde em todo o mundo. “O Plano de Ação em Saúde de Belém e este relatório oferecem aos países as ferramentas necessárias para transformar evidências científicas em ações concretas”, destaca o ministro. 

Plano de Ação em Saúde de Belém

O relatório especial dá sequência ao lançamento do Plano de Ação em Saúde de Belém, o primeiro plano internacional de adaptação climática dedicado exclusivamente à saúde.

O plano reconhece o impacto crescente das mudanças climáticas na saúde da população e apresenta uma proposta para que, juntos, os países possam se preparar para enfrentar esse desafio. Três linhas de ação foram definidas para fortalecer os sistemas de saúde:

  • Vigilância e monitoramento focados no fortalecimento da vigilância integrada e informada pelo clima;
  • Políticas baseadas em evidências, estratégias e capacitação para ampliar a capacidade de sistemas nacionais e locais de implementar soluções eficazes e equitativas;
  • Inovação, produção e saúde digital que promovam a pesquisa, desenvolvimento e acesso a tecnologias que atendam às necessidades de diferentes populações.

 Saúde e OMS alertam para risco de paralisação de hospitais por causas climáticas

Imagem de M.Nilov/Pexels

Impactos na saúde e no trabalho

Nenhum país ou comunidade está imune aos impactos das mudanças climáticas na saúde. O relatório afirma que entre 3,3 e 3,6 bilhões de pessoas vivem hoje em áreas altamente vulneráveis às mudanças climáticas.  Além disso, comparado com o ano de 1990, hospitais e unidades de saúde já enfrentam um aumento de 41% no risco de danos por eventos climáticos extremos decorrentes das mudanças climáticas. 

Leia mais: Uma reflexão equilibrada sobre mudanças climáticas e saúde 

O aumento das temperaturas e as ondas de calor exercem pressão direta sobre os sistemas renal e cardiovascular de milhões de pessoas. Esses impactos na saúde trazem prejuízos econômicos. O Lancet Countdown estima que cerca de US$ 1,09 trilhão foi perdido em 2024 como resultado da redução da capacidade laboral.

Tempestades mais intensas e frequentes também são um problema grave: elas causam lesões diretas, interrompem infraestruturas críticas e sistemas de saneamento e agravam problemas de saúde mental já existentes.

Países ainda falham em proteger populações vulneráveis de emergências climáticas

O documento especial identifica lacunas críticas que exigem atenção. Apenas 54% dos planos de adaptação em saúde avaliam riscos às unidades de saúde. A situação é ainda mais preocupante, visto que menos de 30% dos estudos consideram renda, apenas 20% abordam gênero, e menos de 1% incluem pessoas com deficiência.

Diante desse cenário, o documento faz um apelo para que as nações adotem medidas imediatas, como:

  • Integrar objetivos de saúde às Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e aos Planos Nacionais de Adaptação (NAPs);
  • Utilizar as economias geradas pela descarbonização para financiar a adaptação em saúde e capacitar profissionais;
  • Investir em infraestrutura resiliente, priorizando unidades de saúde e serviços essenciais;
  • Empoderar comunidades e o conhecimento local na formulação das respostas que reflitam as realidades vivenciadas.

O relatório deixa claro que há evidências suficientes para ações imediatas. Soluções eficazes, de baixo custo e alto impacto existem para cada um dos eixos do Plano de Ação em Saúde de Belém.

*Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal Afya.

Autoria

Foto de Redação Afya

Redação Afya

Produção realizada por jornalistas da Afya, em colaboração com a equipe de editores médicos.

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