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Saúde18 abril 2025

Estudo liga 3 milhões de mortes de crianças à resistência antimicrobiana

Estudo alerta para avanço da resistência antimicrobiana a antibióticos e seus impactos na pediatria, especialmente em países vulneráveis 

Um novo estudo conduzido por especialistas em saúde infantil revela que mais de três milhões de crianças morreram no mundo em 2022 devido a infecções resistentes a antibióticos. A pesquisa destaca a África e o Sudeste Asiático como as regiões mais afetadas e reforça que a resistência antimicrobiana (RAM) já é uma das maiores ameaças à saúde pública global. 

A escalada da RAM na infância 

Com base em dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), Banco Mundial e outras fontes, os autores do estudo — a Dra. Yanhong Jessika Hu, do Murdoch Children’s Research Institute, e o professor Herb Harwell, da Clinton Health Access Initiative — alertam para um aumento de mais de dez vezes nas infecções resistentes em crianças nos últimos três anos. A pandemia de covid-19 pode ter contribuído para esse avanço. 

Saiba mais: ACP 2024: Resistência antimicrobiana: quais os tratamentos? 

Resistência antimicrobiana matou mais de 3 milhões de crianças em 2022 

Imagem de DC studio/freepik

Uso inadequado de antibióticos

Os pesquisadores identificaram um crescimento expressivo no uso de antibióticos de “vigilância” e “reserva” — categorias que deveriam ser restritas a infecções graves e multirresistentes. Entre 2019 e 2021, o uso desses medicamentos aumentou até 160% em algumas regiões. O uso indiscriminado, somado à lenta produção de novas moléculas, tem favorecido a evolução de bactérias resistentes. 

O estudo aponta que, caso a resistência a esses antibióticos de última linha se consolide, haverá pouquíssimas alternativas terapêuticas disponíveis. A preocupação é ainda maior na pediatria, onde o arsenal de antibióticos já é mais limitado. 

Segundo Harwell, que apresentará os dados no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas, não há soluções simples. A RAM é um problema sistêmico, com impactos que vão da prática médica ao meio ambiente. A prevenção — por meio da vacinação, saneamento e higiene — é vista como a forma mais eficaz de contenção. 

Leia também: Tuberculose multirresistente: veja detalhes da atualização no tratamento

Implicações da resistência antimicrobiana para a prática médica 

Para médicos, especialmente os que atuam em pediatria, infectologia e atenção primária, o estudo serve como um alerta para a importância da prescrição racional de antibióticos. O uso criterioso, baseado em protocolos clínicos e exames laboratoriais, é fundamental para evitar o avanço da resistência. 

A Dra. Lindsey Edwards, do King’s College London, reforça: “Esses dados devem ser um sinal de alerta para a saúde global. Sem ação urgente, a resistência a antibióticos pode comprometer décadas de avanços na saúde infantil”.

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Referências bibliográficas

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