(Atualizado no dia 21/10/2024 às 11:30)
Mutirão de cirurgia de catarata realizado na cidade de Parelhas, no interior do estado do Rio Grande do Norte, nos dias 27 e 28 de setembro atendeu 48 pacientes, contudo 15 das 20 pessoas atendidas no primeiro dia apresentaram endoftalmite, 9 desses pacientes tiveram que passar por nova cirurgia para retirada do olho infectado, 4 passaram por vitrectomia e os outros pacientes seguem sob observação.
A secretaria de saúde do município emitiu nota informando que está dando suporte aos pacientes afetados providenciando atendimentos e arcando com os procedimentos médicos necessários. A empresa contratada pela cidade para realização das cirurgias afirmou ter seguido todos os protocolos médicos e de segurança exigidos para as operações e que está acompanhando a população afetada e oferecendo assistência médica.
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A Vigilância Sanitária, vinculada à Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap) indicou, depois de investigação preliminar, que a contaminação pode ter sido causada por falha nos procedimentos de esterilização de equipamentos e higienização dos profissionais e do ambiente, citando como indício só os pacientes do primeiro dia de mutirão terem apresentado a infecção.
Casos de infecção no Pará
Em outro caso, 20 pacientes que passaram por um cirurgia de catarata em Belém-PA também apresentaram infecção bacteriana pós-cirurgia. Segundo as últimas informações 16 desses pacientes precisaram retirar os olhos. Apesar dos 40 atendimentos realizados no dia que ocorreu a infecção, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) informou que não se tratou de um mutirão, mas procedimentos de rotina da clínica, que realizava serviços de cirurgia de glaucoma e catarata para o município.
O ocorrido e o local agora estão sob investigação da Polícia Civil, do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), do Conselho Regional de Medicina (CRM) e a própria Secretaria de Saúde que suspendeu os serviços prestados na clínica.
Endoftalmite
De acordo com a publicação da Anvisa “Medidas de Prevenção de Endoftalmites e de Síndrome Tóxica do Segmento Anterior Relacionadas a Procedimentos Oftalmológicos Invasivos”, a endolftalmite, o processo inflamatório por infecção de microrganismos, é rara, apresentando incidência de 0,7%, sendo mais comum em transplantes de córnea (0,36%). Em cirurgias de catarata a incidência é de apenas 0,17%.
Segundo os dados do documento, os agentes etiológicos mais comuns na infecção são os gram-positivos, sobretudo os Staphylococcus coagulase negativa, seguidos pelos gram-negativos e menos comumente os fungos. No caso de Parelhas, o microrganismo identificado foi a bactéria Enterobacter cloacae.
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