Incidentes e erros na saúde: como o médico deve proceder?
Um caso no Brasil envolvendo transplante de órgãos infectados com HIV, em outubro deste ano, fomentou a discussão sobre a segurança dos procedimentos médicos e a comunicação entre profissionais de saúde e pacientes.
Durante a carreira, o médico eventualmente pode se deparar com situações de incidentes na assistência à saúde, que podem resultar em danos graves aos pacientes. Entenda nessa matéria um pouco mais sobre os impactos gerados e como o médico deve lidar com a situação.
Impacto na vida do paciente
Os incidentes na saúde, com ou sem danos, podem trazer importantes consequências aos pacientes acometidos e a seus familiares, podendo estar associados a complicações na saúde física ou mental. Também podem causar grande impacto em outras áreas da vida pessoal.
A presença de sequelas ou outras condições crônicas, por exemplo, pode levar a perda de capacidade de trabalho, impactando diretamente na renda familiar.
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Consequências na rede de saúde e Sociedade
Além do caráter individual, os incidentes relacionados à assistência à saúde têm repercussões para o sistema público de saúde, pois podem levar a necessidade de realização de novos procedimentos, prolongamento de hospitalização, aumento de custos e tratamentos prolongados.
Outro ponto importante é a quebra de confiança em relação ao sistema, que pode alcançar grandes proporções, como em casos de elevada repercussão nacional.
Em uma época na qual a desinformação se espalha com uma velocidade extraordinária, notícias de incidentes graves tendem a exacerbar a sensação de desconfiança em relação à ciência e aos profissionais de saúde por parte da população.
Naturalmente, esse tipo de situação pode ser muito angustiante para os indivíduos e seus familiares, como também para a equipe assistencial, que tem um papel essencial de acolhimento e orientação aos indivíduos acometidos.
Abordagem feita pelo médico
Algumas orientações e passo a passo a seguir:
- Informar e educar: sempre esclareça os procedimentos e possíveis riscos de um procedimento de forma clara e acessível para o paciente.
- Linguagem acessível: como em outras situações de interação médico-paciente, deve-se estar atento à adequação de linguagem, para que todas as mensagens sejam adequadamente compreendidas por todos os envolvidos.
- Escuta ativa e empatia: diante de um caso resultante de incidente com ou sem dano, é importante que o profissional tente estabelecer um vínculo de confiança, com escuta e fala empáticas e acolhedoras, e honestidade em relação às hipóteses de dano incidental;
- Protocolos de erro: pode ser necessário fazer a diferenciação entre a ocorrência de um dano decorrente de uma falha de processo e uma complicação inerente a uma condição médica ou a um procedimento, para que as devidas orientações legais sejam dadas. Tenha um plano de ação em caso de erro. Isso inclui notificar as autoridades competentes, iniciar um processo de investigação interna e, se necessário, encaminhar para um especialista;
- Orientação sobre próximos passos: em alguns casos, especialmente nos que resultam em condições crônicas, como deficiência física ou doenças crônicas, pode haver benefícios sociais ou serviços específicos de acompanhamento e reabilitação e os profissionais também devem orientar os pacientes nesse sentido.
Conclusão
Casos como o do transplante de órgãos infectados por HIV ressaltam a necessidade de protocolos sólidos e uma comunicação eficaz na prática médica.
Os profissionais têm um papel crucial na orientação de seus pacientes, não apenas na prevenção de erros, como também na gestão das consequências quando eles ocorrem.
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