Mais de 80 mil brasileiros aguardam atualmente por um transplante. Embora o país seja referência mundial na área, a principal barreira ainda é a recusa das famílias em autorizar a doação de órgãos após a morte de um ente querido. Para enfrentar esse cenário, o Ministério da Saúde lançou uma nova campanha nacional com o slogan: “Doação de Órgãos. Você diz sim, o Brasil inteiro agradece. Converse com a sua família, seja um doador”. A ação foi apresentada às vésperas do Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro.
O lançamento ocorreu no Hospital do Rim, em São Paulo, e incluiu uma iniciativa inédita: um programa para fortalecer a comunicação com familiares e aprimorar o acompanhamento das doações nos hospitais. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ressaltou que a manifestação prévia do desejo de doar pode ser determinante para a decisão no momento da perda.
“Quando uma pessoa conversa com os familiares, escreve uma carta ou até publica nas redes sociais que quer ser doador, esse gesto simples pode fazer toda a diferença para que, em uma situação difícil, a família autorize a doação e outras vidas sejam salvas”, destacou Padilha.
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Nova Portaria sobre transplante de órgãos
Durante o evento, o ministro também assinou a portaria que institui o Programa Nacional de Qualidade na Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (PRODOT), uma nova iniciativa que buscará reconhecer e valorizar as equipes dentro dos hospitais, responsáveis pela identificação de potenciais doadores, logística do processo e a conversa com os familiares. De acordo com o Ministério, pela primeira vez, esses profissionais terão incentivos financeiros conforme o volume do atendimento e indicadores de desempenho, incluindo o aumento das doações. Contudo não foram divulgados detalhes de como esse programa irá funcionar e nem data para o seu início.
Ainda segundo o governo essa medida faz parte de um conjunto maior com objetivo de fortalecimento do Sistema Nacional de Transplantes. Totalizando um investimento de R$ 20 milhões por ano para, sendo a maior parte, R$ 13 milhões, para a inclusão de novos procedimentos, como transplantes de membrana amniótica, tecido obtido da placenta após o parto, para pacientes queimados, em especial crianças, esse procedimento favorece a cicatrização, reduz o risco de infecções e diminui a dor, e o transplante multivisceral, para falência intestinal. Os outros R$ 7,4 milhões são para o Prodot.
Também foram anunciadas outras novidades como a regulamentação dos transplantes de intestino delgado e multivisceral, incluídos no SUS, com oferta de 100% do tratamento na rede pública de saúde, da reabilitação intestinal até os procedimentos pré e pós-transplante e previsão de reajuste da diária de reabilitação intestinal, de R$ 120 para R$ 600; o estabelecimento da realização da prova cruzada virtual, exame feito remotamente para avaliar a compatibilidade imunológica entre doador e receptor, com o objetivo de reduzir riscos de rejeição; a criação de critérios específicos de priorização para pacientes hipersensibilizados; no campo dos transplantes de medula óssea, o teste de quimerismo, passa a ser ofertado de forma regular.
O Brasil ocupa hoje a terceira posição mundial em número absoluto de transplantes, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. Diferentemente desses países, entretanto, lidera em procedimentos realizados integralmente pelo sistema público. No primeiro semestre deste ano, foram realizados quase 15 mil transplantes no país, crescimento de 21% em relação a 2022 e o maior índice já registrado desde o início da série histórica.
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Redação Afya
Produção realizada por jornalistas da Afya, em colaboração com a equipe de editores médicos.
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