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Saúde12 dezembro 2024

Ceará confirma primeira morte por "ameba comedora de cérebro" no Brasil 

Diagnóstico difícil e subnotificação preocupam, e aquecimento global pode aumentar casos futuros de meningoencefalite amebiana primária (MAP)
Por Roberta Santiago

A Secretaria de Saúde do Ceará confirmou a morte de uma bebê de um ano e três meses por meningoencefalite amebiana primária (MAP), causada pela Naegleria fowleri, conhecida como “ameba comedora de cérebro”. Este é o primeiro caso registrado no Brasil, segundo a secretaria de Vigilância em Saúde do estado. 

Moradora da região metropolitana de Fortaleza, a criança apresentou febre alta e dor de garganta no dia 12 de setembro, evoluindo com vômitos, rigidez de nuca e convulsões. Apesar de ter sido transferida para o Hospital Albert Sabin, não resistiu, falecendo uma semana depois.  

A confirmação do agente etiológico veio após análise de fragmentos do encéfalo no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, que também identificou o parasita em uma cisterna utilizada pela família da bebê. A infecção teria ocorrido pelo contato da água contaminada com as narinas, possivelmente durante o banho. 

Leia também: Encefalites agudas, uma revisão sobre a abordagem

Riscos 

Especialistas alertam para a subnotificação de casos no país, ressaltando que o diagnóstico costuma ser difícil devido à raridade da doença. Os sintomas iniciais, como febre, dor de cabeça e rigidez na nuca, mimetizam uma meningite bacteriana, atrasando a identificação da infecção. 

Segundo pesquisadores, a Naegleria fowleri afeta principalmente crianças, que têm maior exposição a águas recreacionais. A ameba entra pelo nariz, migra pelo nervo olfatório e destrói tecidos cerebrais, levando a um desfecho fatal em 97% dos casos. 

Prevenção da meningoencefalite amebiana primária (MAP)

O parasita, comum em ambientes quentes e úmidos, pode ser eliminado com tratamento adequado da água, como cloração e filtragem. A infecção pela ameba não é transmissível entre pessoas nem pela ingestão de água contaminada.  

O caso no Ceará levou a uma revisão do sistema de abastecimento local, embora nenhuma outra pessoa na comunidade tenha apresentado sintomas. Pesquisadores alertam para um possível aumento de infecções devido ao aquecimento global, que favorece a multiplicação da ameba em sua forma mais infecciosa.

Saiba mais: Sequelas neurológicas após quadro de meningite bacteriana na infância 

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Referências bibliográficas

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