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Neurologia4 setembro 2024

Encefalites agudas: Uma revisão sobre a abordagem 

Neste artigo traremos os principais pontos de revisão publicada esse mês sobre o manejo de encefalites agudas
Por Jesus Ventura

Encefalites são condições clínicas provocadas por um insulto inflamatório do sistema nervoso central (SNC), gerando alteração do estado mental (encefalopatia) de rápida instalação, alterações inflamatórias no líquor, surgimento de crises convulsivas e sinais neurológicos focais. Tal condição pode ser de origem inflamatória imunomediada ou infecciosa.  

Encefalites agudas Uma revisão sobre a abordagem 

Imagem de kjpargeter/freepik

Abordagem 

Ao atender um paciente com suspeita de encefalite, é importante se atentar para a diferenciação entre etiologias infecciosas ou inflamatórias. Dentro dos quadros infecciosos, destaca-se a possibilidade de infecção viral, sendo o herpes vírus simples (HSV) causa frequente. Outra possível etiologia infecciosa diz respeito às infecções bacterianas, provocando meningoencefalite, por exemplo, Streptococcus pneumoniae.  

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Dentro dos quadros imunomediados não infecciosos, lembrar das encefalites autoimunes. Diante desta última, é imprescindível submeter o paciente a rastreio neoplásico, uma vez que são condições que costumam ser provocadas por síndrome paraneoplásica.  

São exames recomendados a serem realizados na investigação de encefalites: 

  • Neuroimagem de urgência (TC de crânio), diante da presença de déficits neurológicos focais, alterações pupilares ou possibilidade de hipertensão intracraniana;  
  • Punção lombar, para análise de celularidade, proteína, glicose, gram e culturas; 
  • PCR para HSV no líquor, baseado em suspeição clínica; 
  • Pesquisa de autoanticorpos no líquor e sangue: baseado na suspeição clínica de etiologia autoimune; 
  • Eletroencefalograma: para rastreio de status não convulsivo;  
  • Ressonância magnética de encéfalo: para investigação de alterações de sinal focais e lesões estruturais.  

Exames mais específicos no líquor, como PCR para agentes infecciosos atípicos, além de pouco disponíveis, devem ser individualizados caso a caso.  

Do ponto de vista terapêutico, recomendamos o seguinte: 

  • Suspeita clínica de encefalite viral: introdução de aciclovir endovenoso. Caso PCR para HSV venha positivo, são necessários 14-21 dias de tratamento;  
  • Meningite bacteriana: introdução de antimicrobianos, a depender do agente bacteriano provável; 
  • Anticonvulsivantes: recomenda-se introdução caso o paciente apresente crises convulsivas clínicas ou evidência de status não convulsivo (avaliado por EEG). A manutenção de anticonvulsivantes a longo prazo dependerá do risco de desenvolvimento de epilepsia pós encefalite (presença de lesões estruturais, alterações eletrográficas graves e mantidas, recorrência de crises clínicas); 
  • Corticoide: utiliza-se dexametasona, para redução de sequelas pós meningites bacterianas. Não se recomenda o uso em encefalites virais. Em caso de encefalites autoimunes, recomenda-se pulso terapia com metilprednisolona, associada à imunoglobulina ou plasmaférese.  

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Mensagens práticas 

  • Diante da instalação rápida de encefalopatia, associada à febre, crises convulsivas e sinais neurológicos focais, é de suma importância avaliar a possibilidade de encefalites, guiando a investigação para diagnóstico diferencial; 
  • As etiologias mais frequentes envolvem causas virais (HSV), meningoencefalites bacterianas e encefalites autoimunes; 
  • O tratamento deve ser direcionado e instituído o mais precoce possível.
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Referências bibliográficas

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