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Saúde4 abril 2025

Candida auris: o superfungo preocupa autoridades de saúde 

Surto de Candida auris em hospital de SP reforça alerta da OMS sobre resistência fúngica e falta de tratamentos eficazes

A recente confirmação de um surto de Candida auris no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo acendeu um alerta sobre a resistência fúngica e a escassez de tratamentos eficazes. O superfungo, altamente transmissível e resistente a antifúngicos, foi identificado em 15 pacientes entre janeiro e março de 2024. Apenas um deles desenvolveu infecção e veio a óbito, mas devido a complicações cirúrgicas não relacionadas ao fungo. 

Candida auris: ameaça global 

O fungo é particularmente perigoso para pacientes imunocomprometidos, como idosos e pessoas em tratamento oncológico. Sua resistência aos antifúngicos convencionais dificulta o controle e o tratamento das infecções. A transmissão ocorre por contato direto e por superfícies contaminadas, onde o fungo pode sobreviver mesmo após desinfecção comum. 

Leia ainda: Candida auris: o que fazer diante de um caso? 

Por conta disso, o hospital adotou medidas rigorosas para conter sua disseminação, incluindo o isolamento de pacientes, intensificação da higienização e treinamentos específicos para as equipes. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acompanha o caso com coletas semanais e monitoramento contínuo. 

Candida auris: o superfungo preocupa autoridades de saúde 

Ilustração de Candida Auris. Fonte: CDC/ Antibiotic Resistance Coordination and Strategy Unit

Falta de medicamentos antifúngicos

A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu, no início de abril, um alerta sobre a escassez de tratamentos para doenças fúngicas invasivas. Nos últimos dez anos, apenas quatro antifúngicos foram aprovados globalmente, e poucos estão em fase final de desenvolvimento. Estima-se que 6,5 milhões de pessoas sejam infectadas anualmente por fungos, resultando em 3,8 milhões de mortes. 

A resistência antifúngica representa uma crise crescente, com algumas infecções atingindo taxa de letalidade de até 88%. Além disso, os tratamentos atuais apresentam efeitos colaterais severos, interações medicamentosas frequentes e necessidade de internações prolongadas. 

Os diagnósticos também são um gargalo: apesar da existência de testes comerciais, eles exigem infraestrutura laboratorial avançada, indisponível em muitos países de baixa e média renda. Segundo Yukiko Nakatani, da OMS, “a lista de novos medicamentos antifúngicos é insuficiente, e a falta de testes eficazes compromete a resposta global”. 

Urgência em P&D 

Diante do avanço das infecções fúngicas resistentes, especialistas reforçam a necessidade de investimentos urgentes em pesquisa, desenvolvimento de novos antifúngicos e ampliação do acesso a diagnósticos rápidos. Para médicos e estudantes de medicina, o conhecimento sobre a resistência fúngica e a adoção de protocolos de segurança são essenciais para conter essa crescente ameaça à saúde pública.

Saiba mais: Infecções fúngicas invasivas no CTI 

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Referências bibliográficas

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