A arterite de Takayasu é uma vasculite de grandes vasos que acomete predominantemente mulheres jovens. Sua manifestação clínica mais característica é a ocorrência de claudicação intermitente dos membros, mas diversas outras complicações, como AVC isquêmico e doença arterial coronariana, podem ocorrer.
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Recentemente, o estudo da arterite de Takayasu experimentou diversos avanços, principalmente no que diz respeito aos exames de imagem. Como resultado do esforço atual do consórcio ACR/EULAR em atualizar e modernizar os critérios de classificação para diversas doenças reumatológicas, também foram publicados os novos critérios de classificação para arterite de Takayasu (TAK).
Métodos
A metodologia utilizada foi semelhante à descrita para os novos critérios de arterite de células gigantes: foi criado um comitê internacional de colaboração, composto com especialistas em vasculites, estatísticos e gerentes de dados, para a produção desses novos critérios. Foram seguidas 6 etapas sequenciais: geração dos critérios candidatos para vasculites sistêmicas, condução de um estudo prospectivo observacional em vasculites sistêmicas, revisão de especialistas para definir casos padrão-ouro para vasculites de grandes vasos, refinamento dos itens candidatos para vasculites de grandes vasos, derivação dos critérios para TAK e validação dos critérios para TAK.
Critérios de classificação
- Premissas: o paciente deve ter sido diagnosticado com uma vasculite de médio ou grande calibre, e os mimetizadores de vasculites devem ter sido excluídos.
- Critérios de entrada: 60 anos de idade ou menos no momento do diagnóstico + evidência de vasculite na aorta e/ou grandes ramos nos exames de imagem (ultrassonografia, angioTC ou RM ou PET).
- Critérios clínicos
- Sexo feminino: +1 ponto
- Angina ou dor cardíaca isquêmica: +2 pontos
- Claudicação em membros: +2 pontos
- Sopro vascular (avaliado em grandes vasos): +2 pontos
- Redução do pulso de MMSS (axilar, braquial ou radial): +2 pontos
- Anormalidade da carótida comum (dor ou redução do pulso): +2 pontos
- Diferença de PA sistólica ≥20 mmHg em MMSS: +1 ponto
- Critérios de imagem:
- Características analisadas: Avaliação do dano luminal (estenose, oclusão ou aneurisma) em exames de imagem
- Número de territórios arteriais acometidos: devem ser analisados 9 territórios diferentes, a saber: aorta torácica, aorta abdominal, mesentérica, carótida direita ou esquerda, subclávia direita ou esquerda, renal esquerda ou direita:
- Acometimento de um território: +1 ponto
- Acometimento de dois territórios: +2 pontos
- Acometimento de três ou mais territórios: +3 pontos
- Acometimento simétrico de pares vasculares (vasos avaliados: carótidas, subclávias e renais): +1 ponto
- Acometimento da aorta abdominal com acometimento renal ou mesentérico: +3 pontos
- Classificação: 5 pontos ou mais na soma dos critérios clínicos e de imagem.
Saiba mais: ACR 2022: Novos critérios ACR/EULAR para Síndrome Antifosfolípide (SAF)
Comentários
É sempre importante relembrar que os critérios de classificação não substituem o diagnóstico clínico. Nesse contexto, os critérios de classificação podem ser utilizados como uma forma de endossar o diagnóstico do médico assistente, uma vez que apresentam alta especificidade.
Além disso, podemos usar os critérios como um checklist do que é relevante para o diagnóstico e avaliação dos pacientes. As diferentes pontuações podem ser úteis para dar indícios do que é mais relevante ou específico.
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