Novos critérios para arterite de células gigantes (ACG) são publicados
A arterite de células gigantes (ACG) é uma vasculite que acomete predominantemente vasos de grande calibre e vasos extracranianos.
A complicação mais temível da arterite de células gigantes (ACG) é a ocorrência de neurite óptica isquêmica anterior (NOIA), que pode causar cegueira irreversível. Dessa forma, a sua identificação e seu tratamento precoces são extremamente relevantes.
Os critérios de classificação para a doença haviam sido publicados em 1990 e, devido ao grande período sem serem modificados, necessitavam de uma atualização para melhorar seu rendimento. Além disso, diversas modalidades diagnósticas, como a ultrassonografia de artérias temporais superficiais e axilares e o FDG-PET, não eram contempladas previamente.
Para incluir esses novos conhecimentos sobre a doença, os novos critérios de classificação ACR/EULAR foram desenvolvidos e publicados recentemente.
Métodos
Foi criado um comitê internacional de colaboração, composto com especialistas em vasculites, estatísticos e gerentes de dados, para a produção desses novos critérios. Foram seguidas 6 etapas sequenciais: geração dos critérios candidatos para vasculites sistêmicas, condução de um estudo prospectivo observacional em vasculites sistêmicas, revisão de especialistas para definir casos padrão-ouro para vasculites de grandes vasos, refinamento dos itens candidatos para vasculites de grandes vasos, derivação dos critérios para ACG e validação dos critérios para ACG.
Resultados
A coorte de derivação consistiu de 518 casos de ACG e 536 comparadores (que incluiu diversas vasculites sistêmicas). Já na coorte de validação, foram incluídos 238 casos e 213 comparadores (que incluiu diversas vasculites sistêmicas).
Após todas as rodadas descritas acima, os autores chegaram aos critérios de classificação para ACG, que serão descritos na seção seguinte.
Critérios de classificação
Para que os critérios sejam aplicados, o paciente deve apresentar clínica compatível com vasculite de médio ou grande calibre. Devem sempre ser excluídos mimetizadores.
- Critério obrigatório: idade ≥ 50 anos no momento do diagnóstico;
- Critérios clínicos adicionais:
- Rigidez matinal nos ombros e pescoço: +2 pontos
- Perda visual súbita: +3 pontos
- Claudicação de mandíbula ou língua: +2 pontos
- Nova cefaleia temporal: +2 pontos
- Sensibilidade no escalpe: +2 pontos
- Exame anormal da artéria temporal: +2 pontos
- Critérios laboratoriais, de imagem e de biópsia:
- VHS ≥ 50 mm/h ou PCR ≥ 10 mg/L: +3 pontos
- Biópsia positiva para artéria temporal ou presença de sinal do halo na ultrassonografia: +5 pontos
- Acometimento axilar bilateral: +2 pontos
- Atividade na aorta identificado através do FDG-PET: +2 pontos
- Classificação: a soma das pontuações do 10 itens deve ser ≥ 6 pontos para que o paciente seja classificado como ACG.
Esses novos critérios apresentaram uma área sob a curva ROC de 0,91 (IC95% 0,88-0,94), com uma sensibilidade de 87% (IC95% 82,0-91,0%) e especificidade de 94,8% (IC95% 91-97,4%).
Saiba mais: Arterite temporal: arterite de células gigantes ou vasculite associada ao ANCA?
Considerações e mensagens práticas
Essas atualizações dos critérios de classificação para ACG adicionaram importantes itens para modernizá-los, à luz dos novos conhecimentos científicos descobertos nos últimos anos.
É válido sempre destacar que não existem critérios para o diagnóstico da ACG. Esses novos critérios foram desenvolvidos para classificação, ou seja, criação de grupos homogêneos para estudos clínicos. No entanto, existe uma aplicação prática interessante para eles: eles podem funcionar como um guia para o médico, através dos quais ele pode relembrar as manifestações clínicas e de exames complementares mais relevantes para o diagnóstico da doença. A presença de diferentes valores para os itens também dá uma ideia de maior relevância para o diagnóstico.
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