O que preciso saber sobre o teste da “nuquinha”?
No campo da obstetrícia a ultrassonografia tem se fortalecido. Nesse contexto, conheceremos a translucência nucal, conhecido teste da “nuquinha”.
Desde o início de sua aplicação na medicina, a ultrassonografia se consolida como uma ferramenta propedêutica fundamental e valiosa na prática médica. Na maioria das vezes, é o principal exame complementar solicitado e sua aplicabilidade abrange várias áreas. Contudo, é no campo da obstetrícia que tem se fortalecido cada vez mais. Nesse contexto, conheceremos a translucência nucal (TN) ou popularmente conhecido, teste da “nuquinha”.
Durante a gestação, o ultrassom permite a identificação da maioria das anormalidades fetais identificáveis ainda na vida intraútero. Diante desse fato é possível que a equipe multiprofissional que acompanha essa gestação esteja apta a formular estratégias de tratamento mais eficazes diante de um diagnóstico de alteração anatomofuncional.
As intervenções poderão ser realizadas, por exemplo, no momento do parto, no pós-parto imediato ou, até mesmo, precocemente ainda intraútero. Nesse caminho, a translucência nucal surge como um dos indicadores que auxiliam na análise da presença ou não de anormalidades.
A avaliação da TN ocorre através da ultrassonografia obstétrica ainda de primeiro trimestre. Portanto, deve ser solicitada como o primeiro ultrassom, devendo ser realizado até, no máximo, a 14ª semana de gestação. Vale ressaltar, no entanto, que a esse exame inicial avalia também, entre outros fatores, a idade gestacional e a viabilidade da gestação, sendo importante deixar claro na solicitação a necessidade de avaliar a TN. O intervalo ideal ainda continua sendo entre a 11ª semana até 13ª semana e seis dias de gestação. O valor de referência que indica normalidade é de até 2,5 mm.
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Uma revisão feita para avaliar a contribuição da ultrassonografia de primeiro trimestre apontou que a TN aumentada é uma expressão fenotípica que resulta de uma série de processos fisiopatológicos diferentes, os quais podem ter como fatores desencadeantes: defeito ou falência cardíaca; anomalias no sistema linfático; composição alterada da matriz extracelular da derme; compressão do mediastino por malformações na caixa torácica ou conteúdos intratorácicos anômalos; anemia; hipoproteinemia e infecções – parvovírus B19.
Esse mesmo estudo aponta também que, em fetos cromossomicamente normais, a prevalência de óbito espontâneo aumenta exponencialmente com a espessura da TN. Fetos com TN entre os percentis 95 e 99 apresentam um risco de óbito de 1,3%; quando a TN mede de 3,5 e 4,5 mm, o risco é de 2,7%; e fetos com TN maior ou igual a 6,5 mm apresentam risco de óbito de 19%56,57.
As chances de uma gestação evoluir sem anormalidades ou qualquer tipo de complicação são de aproximadamente 70% quando a medida da TN se encontra entre 3,5 e 4,4 mm; 50% entre 4,5 e 5,4 mm; 30% se estiver entre 5,5 e 6,4 mm; e 15% quando tiver 6,5 mm ou mais.
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Nesse caminho, ressalta-se que é de suma importância uma avaliação mais detalhada do feto ainda no primeiro trimestre. A TN então se coloca como um excelente indicador da presença de anormalidade ou não. Assim, o médico que acompanha consultas de pré natal deve estar atento para melhor conduzir suas gestantes, deixando o período gestacional e o parto ambientes de maior segurança tanto para a gestante quanto para seu filho.
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