Logotipo Afya
Anúncio
Psiquiatria17 janeiro 2025

O papel da melatonina no tratamento da insônia em adultos

A melatonina atua no ciclo sono vigília através do estímulo dos receptores MT1 e MT2 e tem uma meia vida curta, de 30 a 50 minutos
Por Tayne Miranda

A melatonina endógena (N-acetil-5-metoxitriptamina) é um neuro-hormônio sintetizado principalmente na glândula pineal que possui efeitos cronobióticos. A síntese da melatonina é sincronizada através do ciclo claro/escuro pelos núcleos supraquiasmáticos. Durante à noite, a ausência de luz permite a ativação de neurônios noradrenérgicos que estimulam a produção de melatonina na glândula pineal. Durante o dia, o estímulo luminoso ativa o trato retino-hipotalâmico que projeta um sinal inibitório sobre os neurônios noradrenérgico, limitando a produção.  A melatonina atua no ciclo sono vigília através do estímulo dos receptores MT1 e MT2 e tem uma meia vida curta, de 30 a 50 minutos.  

A melatonina exógena é comercializada há aproximadamente 30 anos. No Brasil, sua comercialização foi formalmente regulamentada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a partir de 2021, sendo vendida como um suplemento alimentar, não estando, portanto, sujeito às mesmas regras de qualidade dos medicamentos. Pela regulamentação da Anvisa, ela é destinada exclusivamente a adultos para consumo diário máximo de 0,21 mg, podendo ser comprada sem receita médica. Em suas embalagens há a indicação de não ser consumida por crianças, gestantes e lactantes.

melatonina

Insônia e suas classificações 

A insônia é um transtorno do sono comum definido como a percepção subjetiva de dificuldade no início, duração, consolidação ou qualidade do sono, a despeito da oportunidade adequada de dormir, resultando em alguma forma prejuízo diurno. Pode ser categorizada como primária e secundária. A insônia primária ocorre como uma condição isolada, sem associação com condições médicas, psiquiátricas ou com o uso de substâncias, sendo um diagnóstico de exclusão. A insônia secundária ocorre como sintoma de outra condição subjacente.  

Como um cronobiótico, a melatonina exógena atrasa ou avança fases no ciclo sono-vigília, dependendo do momento em que é administrada. O atraso de fase pode ocorrer se for ingerida perto do fim do período de sono normal, e o avanço quando ingerida de 3 a 5 horas antes do início do sono normal.  

Veja também: AAP 2024: Melatonina em pediatria – quais as evidências?

A melatonina é um cronobiótico adequado para distúrbios do ritmo circadiano. No entanto, ela se tornou erroneamente uma das substâncias mais usadas no mundo para induzir o sono. É um consenso em diversas diretrizes que não há evidência consistente que endosse o uso de melatonina para tratar insônia em adultos jovens saudáveis (excetuando-se os distúrbios do ritmo circadiano já citados). Embora as evidências não sejam robustas, a melatonina pode ser indicada no tratamento da insônia em adultos mais velhos (> 55 anos) e crianças com transtorno do espectro autista e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade.  

Conclusão e mensagem prática 

O uso de melatonina é bastante seguro em termos de interações medicamentosas e risco de intoxicação, potencial de abuso e efeitos colaterais, sendo os mais comuns cefaleia e sonolência. Ela não deve ser usada em mulheres grávidas por atravessar a barreira placentária e não haver estudos adequados nessa situação. Também é recomendado que mulheres amamentando não façam uso.  

As doses utilizadas e estudadas variam enormemente, desde 0,2 mg a 10 mg.  As recomendações de em qual momento tomar também são diversas, desde 30 minutos antes do horário de dormir até 4 horas.  

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Referências bibliográficas

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Neurologia