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Pediatria28 setembro 2024

AAP 2024: Melatonina em pediatria - quais as evidências?

Nos últimos anos, tem sido crescente o uso de melatonina como auxiliar do sono em crianças nos EUA e também em outros países.
Por Jôbert Neves

A melatonina é um hormônio que desempenha um papel crucial na regulação do sono e dos ritmos circadianos, ela é produzida no cérebro pela glândula pineal e atua aumentando a ligação do GABA (ácido gama-aminobutírico) aos seus receptores, aprimorando seus efeitos sem aumentar o número de receptores. Ela tem sido comumente utilizada para condições como:

  • Jet lag
  • Insônia
  • Transtorno do trabalho por turnos
  • Distúrbios do ritmo circadiano em pessoas com deficiência visual
  • Abstinência de benzodiazepínicos e nicotina

A Dra. Cora Collette, apresentou no encontro anual da Academia Americana de Pediatria (AAP 2024) estudos mostraram que a melatonina pode ajudar na indução do sono, reduzindo o tempo para adormecer em cerca de 7-12 minutos, embora seus efeitos na duração total do sono possam ser modestos e nem sempre clinicamente significativos, como:

  • Petrie K (1989): Explorou os efeitos da melatonina no jet lag.
  • Buscemi et al. (2005): Realizaram uma meta-análise sobre a eficácia da melatonina exógena para distúrbios primários do sono.
  • Ferracioli-Oda et al. (2013): Forneceram uma meta-análise adicional apoiando o uso da melatonina no tratamento de distúrbios primários do sono.

E quais as evidências para pediatria?
Evidências sugerem que a melatonina pode ser mais eficaz em crianças do que em adultos. Uma  revisão sistemática de 2019, evidenciou que  as crianças apresentaram uma melhoria na latência do sono em média de 29 minutos e a duração do sono aumentou em média de 33 minutos.  Já para pacientes pediátricos com diagnóstico de autismo, efeitos notavelmente maiores foram observados mostrando melhoria na latência do sono de 37 minutos e aumento da duração do sono em 48 minutos.

Em adolescentes com insônia crônica de início do sono,  as melhorias relatadas incluíram o aumento da duração do sono em média de 26 minutos e diminuição da latência do sono em 17 minutos.

Confira a cobertura completa do AAP 2024

Quais as doses tipicamente recomendadas de melatonina?
A orientação é de que seja ofertado de  0,5 a 5 mg via oral à noite. Embora a melatonina tenha sido usada com segurança em pesquisas clínicas em doses de até 12 mg diárias, recomenda-se que as doses diárias sejam limitadas a 3 mg para crianças e 5 mg para adolescentes, sendo usada apenas a curto prazo.

  • Efeitos adversos:
    • Efeitos colaterais comuns incluem sonolência diurna.
    • O uso concomitante de melatonina com álcool, benzodiazepínicos ou outros sedativos pode levar a uma sedação aditiva.
  • Fonte da melatonina:
    • A maior parte da melatonina disponível comercialmente em suplementos é sintetizada em laboratórios.
    • Em casos raros, a melatonina pode ser derivada das glândulas pineais de animais, o que deve ser evitado devido ao risco de contaminação.
  • Preocupações endócrinas:
    • A melatonina é um hormônio, e há preocupações de que seu uso possa interferir nas funções endócrinas, incluindo:
      • Inibição da ovulação.
      • Diminuição da utilização de glicose.
      • Efeitos adversos no desenvolvimento gonadal em crianças.
    • Efeitos a Longo Prazo em Crianças e Adolescentes:
      • Existem estudos limitados disponíveis sobre os efeitos a longo prazo da melatonina em crianças ou adolescentes.
      • Os estudos existentes são, em geral, pequenos, de baixa qualidade, com acompanhamento incompleto e medidas inadequadas do tempo de puberdade.

Mensagem prática:
Nos últimos anos, tem sido crescente o uso de melatonina como auxiliar do sono em crianças nos EUA e também em outros países. As doses e posologias devem ser respeitadas. Além disso, a AAP orienta e reforça a necessidade de maior conscientização sobre os efeitos da melatonina e seu uso seguro, tendo em vista os potenciais efeitos colaterais.

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