WCPGHAN 2024: Desafios no tratamento da doença inflamatória intestinal infantil

Durante o Congresso Mundial de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (WCPGHAN 2024), foi abordada a preocupação crescente com a doença inflamatória intestinal (DII) em crianças, ressaltando o aumento da incidência e a necessidade urgente de estratégias de manejo eficazes, especialmente em regiões com recursos de saúde limitados.  

Aumento da Incidência global da DII  e aspectos regionais 

• A incidência de DII pediátrica está aumentando em várias regiões ao redor do mundo, refletindo uma preocupação crescente com a saúde. 

• A Ásia Oriental apresenta o maior número de casos de DII pediátrica; no entanto, a carga da doença, medida por morbidade, qualidade de vida e utilização dos serviços de saúde, não aumenta proporcionalmente ao número de casos diagnosticados. Isso sugere que, embora as taxas de diagnóstico possam ser altas, os sistemas de apoio e a infraestrutura de saúde variam significativamente, com dificuldades no acesso ao tratamento.  

• Dados de regiões como o Norte da Europa e a América do Norte têm modelos de saúde diferentes, o que pode levar a níveis distintos de carga da doença, apesar de taxas de incidência semelhantes. 

Opções terapêuticas e disparidades no acesso 

• Avanços no Tratamento:

• Múltiplas classes de medicamentos estão sendo desenvolvidas para a DII pediátrica, incluindo biológicos e pequenas moléculas. Os biológicos, como os anticorpos monoclonais, mostraram eficácia em populações adultas, mas são menos testados em crianças. 

• Durante a plenária foi destacada que existe uma lacuna significativa entre a disponibilidade de novas terapias para adultos em comparação com populações pediátricas, com menos ensaios clínicos específicos para crianças.

• Estudos em andamento visam estabelecer a segurança e a eficácia desses novos agentes terapêuticos em pacientes pediátricos com DII. No entanto, a lentidão na pesquisa pediátrica é um ponto crítico que afeta as opções de tratamento. 

Custo Econômico 

• Variabilidade de custos:

1. O ônus financeiro de manejar a DII pediátrica varia amplamente entre diferentes regiões. Em países com alta renda, os custos podem ser compensados por uma melhor cobertura de seguro e acesso aos serviços de saúde, enquanto em configurações de baixa e média renda, as famílias muitas vezes suportam um fardo financeiro maior.
2. Estudos indicam que os custos de tratamento da DII pediátrica podem exceder os dos adultos em aproximadamente 1,5 vezes. A despesa média anual para gerenciar uma criança com DII pode atingir cerca de $23.000, em comparação com $7.000 para pacientes não afetados.
3. Os custos associados aos tratamentos biológicos aumentaram significativamente na última década. Essa é uma consideração importante, uma vez que esses tratamentos se tornam essenciais para o manejo eficaz da doença. 

Custos diretos da família de pacientes com DII

• Em um estudo realizado na Polônia, apresentado durante a plenária, evidenciou que quase 50% das famílias afetadas pela DII pediátrica relataram ter renda insuficiente para cobrir medicamentos necessários e outras despesas relacionadas à saúde. 

• Os custos diretos anuais para tratamentos biológicos podem gerar uma carga considerável sobre as famílias, levando frequentemente a despesas catastróficas em saúde – definidas pela OMS como quando os gastos diretos superam 10% da renda familiar. 

Fatores que afetam os desafios econômicos 

• Visitas hospitalares frequentes: Aumento das hospitalizações pode resultar em maiores gastos com transporte e acomodação. 

• Renda familiar: Uma renda mais baixa está correlacionada com maior estresse e risco de despesas catastróficas de saúde. 

• Níveis de educação dos pais: Pais mais educados podem navegar melhor pelos sistemas de saúde e seguro, potencialmente aliviando alguns ônus financeiros. 

• Subtipos de DII: Diferentes tipos de DII podem ter custos de gerenciamento variados, afetando o planejamento financeiro geral 

Mensagem prática 

• Existe uma urgência em realizar estudos e intervenções para melhorar o acesso a tratamentos eficazes para pacientes pediátricos com DII em países de baixa e média renda. 

• Deve-se sempre relembrar da importância de realizar pesquisas e ensaios clínicos focados em populações pediátricas para garantir a acessibilidade a tratamentos eficazes 

• Necessidade de implementar mudanças nas políticas de saúde para melhorar a cobertura de tratamentos para DII, reduzindo custos do próprio bolso para as famílias 

• Importância de educar profissionais de saúde, pacientes e o público sobre a DII pediátrica por meio de conscientização. 

• Fomentar  programas de capacitação para profissionais de saúde, levando a diagnósticos mais precoces e melhores estratégias de manejo. 

• Envolver organizações comunitárias para ações de conscientização e promover campanhas de apoio para aumentar financiamento e recursos para a DII pediátrica. 

Confira a cobertura completa do WCPGHAN 2024.