Logotipo Afya
Anúncio
Pediatria21 agosto 2018

Sarampo: veja a nova atualização da Sociedade Brasileira de Pediatria

Em decorrência do aumento significativo dos casos sarampo no Brasil, a SBP lançou em julho um novo guia prático de atualização sobre o tema.

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

Em decorrência do aumento significativo dos casos sarampo no Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou em julho um novo guia prático de atualização sobre o tema. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o sarampo continua a ser uma doença endêmica em diversos continentes, sendo relatado nos primeiros meses de 2018 cerca de 81.635 casos confirmados em todo mundo. No Brasil, até julho deste ano, mais de 3 mil casos suspeitos foram notificados, sendo o estado do Amazonas o mais afetados com 317 relatos. As crianças de 6 meses a 4 anos são a faixa etária mais acometida, representando cerca de 57% dos casos.

A principal recomendação dada pela OMS diante do aumento do número de casos de sarampo é a vacinação. São considerados vacinados aqueles entre 12 meses a 29 anos que comprovem duas doses da vacina (tríplice viral), pessoas de 30 a 49 anos que comprovem uma dose da tríplice viral e profissionais da saúde, independente da idade com duas doses da vacina. Além desse casos, a OMS recomenda que todas as pessoas, com mais de 6 meses, que pretendem viajar para áreas onde os casos de sarampo foram documentados e que não tenham provas da vacinação ou de imunidade, recebem a tríplice viral.

Com o aumento dos casos, o Ministério da Saúde reforçou a importância da notificação dos casos suspeitos em até 24 horas, sendo considerado suspeito todos os indivíduos que, independente da idade e situação vacinal, apresentarem febre e exantema maculopapular, acompanhados de um ou mais dos seguintes sintomas: tosse e/ou coriza e/ou conjuntivite.

vacinas e ampolas com medicamentos

Manifestações clínicas e complicações do sarampo

As principais manifestações clínicas incluem febre, tosse, coriza e conjuntivite, seguidas após 3-5 dias por exantema maculopapular de progressão crânio-caudal, que se inicia atrás das orelhas e linha do cabelo, com distribuição centrípeta, que não poupa a região palmo-plantar. Após 3-4 dias do aparecimento do exantema maculopapular, a febre começa a diminuir, seguido pelo desaparecimento das lesões e início de uma descamação fina. Cerca de 2 dias antes do aparecimento do exantema, alguns pacientes podem apresentar as Manchas de Koplik, que se caracterizam por manchas azul-esbranquiçadas na face interna das bochechas, preferencialmente na região oposta aos dentes molares, sendo este considerado um sinal patognomônico do sarampo.

As complicações mais comuns são: otite média aguda, broncopneumonia, laringotraqueobronquite e diarreia. A encefalite aguda é considerada uma complicação rara, que pode provocar lesões cerebrais graves e definitivas; estima-se que acomete cerca de um a cada mil pacientes com sarampo. A panencefalite esclerosante subaguda também é considerada uma complicação rara que ocorre geralmente 7 a 10 anos após infecção inicial pelo sarampo e caracteriza- se por crises convulsivas, alterações comportamentais e cognitivas; vale ressaltar que pacientes que tiveram sarampo antes dos 10 anos correm maior risco de ter essa complicação.

O sarampo é considerado uma doença altamente contagiosa. Sua transmissão ocorre pelo contato direto com gotículas infecciosas ou por via aérea quando uma pessoa infectada respira, tosse ou espirra. A transmissão pode ocorrer de cinco dias antes até cinco dias depois do aparecimento do exantema maculopapular, sendo recomendado então o afastamento dos acometidos por até sete dias após o aparecimento das lesões cutâneas.

Diagnóstico e tratamento do sarampo

A confirmação laboratorial é mandatória em todos os casos suspeitos, podendo ser feito os testes sorológicos de anticorpos IGM e IGG específicos contra o sarampo, isolamento do vírus ou detecção do RNA viral pela reação em cadeia de polimerase em tempo real em amostras de: urina, sangue e secreção de oro e nasofaringe.

Em relação ao tratamento não podemos destacar nenhuma terapia específica. Alguns estudos demostraram que a vitamina A reduziu a mortalidade e morbidade, devendo esta ser administrada em duas doses, uma no momento do diagnóstico e a seguinte 24 horas após. As doses recomendadas de acordo com a idade são:

  • 50.000 UI via oral para menores de 6 meses de idade.
  • 100.000 UI por via oral para 6 meses a 11 meses de idade.
  • 200.000 UI por via oral para maiores de 12 meses de idade.

Vacinação

A recomendação do Ministério da Saúde é que todas as crianças recebam duas doses da vacina tríplice viral, sendo uma aos 12 meses e a segunda dose aos 15 meses de idade. Para pacientes que pretendam viajar para áreas de risco, uma dose precoce da vacina pode ser administrada para maiores de 6 meses. Os trabalhadores da saúde e os viajantes internacionais devem obrigatoriamente receber duas doses da vacina.

Os pacientes que já receberam duas doses das vacinas tríplice viral ou tetraviral não precisam receber novas doses; já os que não receberam nenhuma dose da vacina devem receber duas doses com intervalo de 1 a 2 meses. Nos casos em que os pacientes não tenham o registro das doses da vacina aplicada, estes devem ser considerados como não vacinados, recebendo o esquema de acordo com a idade.

Destacamos como contraindicação à  vacina indivíduos com suspeita de sarampo, gestantes, lactentes com menos de 6 meses, imunocomprometidos e pacientes que tiveram reação anafilática a dose anterior da vacina. Em algumas situações devemos adiar a vacinação como, por exemplo, em pessoas que receberam derivados de sangue e preparados com imuniglobulinas, quee fazem tratamento quimioterápico e transplantados de células-tronco.

Por fim, vale ressaltar que a profilaxia secundária deve ser realizada em indivíduos imunocompetentes que foram expostos ao sarampo, devendo receber a vacina tríplice viral nas primeiras 72 horas após a exposição. Para indivíduos imunocomprometidos, gestantes e menores de 6 meses devemos administrar a imunoglobulina nos primeiros 6 dias após o contato.

É médico e também quer ser colunista do Portal da PEBMED? Inscreva-se aqui!

Referências:

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Pediatria