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Pediatria25 março 2024

Risco de infecção bacteriana invasiva em bebês com infecção febril por SARS-CoV-2 

Estudo publicado na revista Pediatrics avaliou bebês febris de 90 dias de idade ou menos com e sem infecção por SARS-CoV-2
Desde antes da pandemia de covid-19, diferentes combinações de marcadores anti-inflamatórios (MI) em valores baixos têm sido usadas para predizer baixo risco de evoluir com infecções bacterianas invasivas (ex. infecção bacteriana invasiva -IBI-bacteremia e meningite bacteriana) em bebês com febre e menos de três meses de idade.  Para investigar se essas estratificações são aplicáveis a bebês com essa faixa etária e infecção febril após o início de circulação de SARS-CoV-2, um grupo de canadense liderado por Burstein fez um estudo que comparou os valores séricos desses marcadores em uma grande coorte prospectiva de bebês febris com ≤ 90 dias de idade com e sem infecções por SARS-CoV-2, que foi publicado na revista Pediatrics em fevereiro de 2024. Neste artigo, destacaremos as principais contribuições desse estudo. 

Metodologia do estudo sobre risco de infecção bacteriana invasiva

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Fizeram uma análise secundária dos estudos de coorte de covid-19 de global Pediatric Emergency Research Network (PERN) and Pediatric Emergency Research Canada (PERC). O estudo envolveu 48 serviços de emergência em dez países (PERN; março de 2020 a junho de 2021) e 14 serviços de emergência canadenses (PERC; agosto de 2020 a fevereiro de 2022).  Incluíram bebês com ≤ 90 dias e febre > 38 °C (no serviço de emergência ou nas últimas 24 horas) testados para SARS-CoV-2 usando abordagens moleculares baseadas na exposição ou sintomas (95% sintomáticos).   Os resultados da infecção foram determinados pelos resultados da cultura (65% com hemoculturas realizadas), um acompanhamento telefônico de 14 dias e uma revisão de prontuários médicos realizada no mínimo 30 dias após a visita ao serviço de emergência.   Os bebês foram classificados como de baixo risco para IBI usando combinações de limiares IM determinados por estratégias recentes de estratificação de risco:  
  • Procalcitonina ≤ 0,5 ng/mL, proteína C reativa (PCR) ≤ 20,0 mg/L e contagem absoluta de neutrófilos (ANC) ≤ 10.000/uL (método passo a passo/”Step-by-step”); 
  • Procalcitonina ≤ 0,5 ng/mL e ANC ≤ 4.000/uL (PECARN); 
  • procalcitonina ≤ 0,5 ng/mL e PCR ≤ 20,0mg/L (recomendação da Academia Americana de Pediatria [AAP]); 
  • PCR ≤ 20,0 mg/L e ANC ≤ 5.200/uL (recomendação da AAP quando a procalcitonina não estiver disponível). 
Avaliaram a acurácia diagnóstica (especificidades, sensibilidades e valores preditivos negativos [VPNs]) de MIs séricos para IBIs entre bebês com e sem infecções por SARS-CoV-2.  

Resultados 

Foram incluídos 563 lactentes: 314 (55,8%) tinham ≤ 60 dias de idade, 300 (53,2%) eram SARS-CoV-2 positivos e 19 (3,4%) tinham infecções bacterianas invasivas - IBIs (11 bacteremia isoladamente, 6 meningites bacterianas isoladamente, 2 bacteremias e meningite bacteriana).   Menos bebês positivos para SARS-CoV-2 tiveram IBIs do que bebês com teste negativo (1,0% e 6,1%, respectivamente, P < 0,001).   Bebês positivos para SARS-CoV-2 foram menos frequentemente classificados erroneamente como de baixo risco para IBI por todos os MIs individualmente (1% com P < 0,001) ou em combinações (6,1% com P < 0,001). Para todos os MIs individuais, a especificidade para a IBI foi maior entre bebês com infecções por SARS-CoV-2 0,84 (intervalo de confiança [IC] de 95% 0,79–0,89) usando uma contagem de neutrófilos totais ≤ 4.000/uL sozinho.  As especificidades para IBI foram maiores para todas as combinações IM entre bebês SARS-CoV-2 positivos, e mais altas usando a combinação recomendada pela Academia Americana de Pediatria que combina dosagem de procalcitonina e PCR (0,97; IC 95% 0,88–1,00).   Em consonância, valores preditivos negativos foram maiores para afastar IBIs para os bebês positivos para SARS-CoV-2 para todos os marcadores inflamatórios individualmente e usando PCR e neutrófilos totais juntos. Apenas três bebês com infecções por SARS-CoV-2 tiveram IBIs (1%; 3/300), entretanto não impossibilitando o cálculo de sensibilidade. As características do teste de todos os MIs foram semelhantes quando analisaram somente os bebês ≤ 60 dias de idade. 

Conclusões 

A estratificação de risco para infecção bacteriana invasiva com marcadores inflamatórios é aplicável para bebês com menos de 3 meses de idade e infecção por SARS-CoV-2, sendo que esses bebês com SARS-CoV-2 são menos erroneamente classificados como de baixo risco para infecção bacteriana invasiva que bebês negativos para SARS-CoV-2. Uma das limitações do estudo foi que os três pacientes com SARS-CoV-2 que evoluíram com esse tipo de infecção não tiveram dosagem de procalcitonina.
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Referências bibliográficas

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