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Pediatria10 janeiro 2020

Qual a prevalência de esteatose hepática em crianças com fibrose cística?

As doenças hepáticas na FC englobam: colestase neonatal, aumento de enzimas hepáticas e alterações histológicas – fibrose, cirrose e esteatose hepática.

A fibrose cística (FC) é uma doença genética grave, frequente em indivíduos de raça branca. Ocorre em uma incidência de cerca de um para cada três mil nascidos vivos. A FC é multissistêmica e acomete glândulas sudoríparas, pâncreas, pulmões, fígado, intestino e ductos de Wolff. O acometimento hepático é a terceira principal causa de óbito, depois da insuficiência respiratória e das complicações relacionadas ao transplante pulmonar.

As doenças hepáticas na FC englobam: colestase neonatal, aumento de enzimas hepáticas, anormalidades de imagem como heterogeneidade do parênquima hepático na ultrassonografia, hipertensão porta, insuficiência hepática e alterações histológicas – fibrose, cirrose e esteatose hepática (EH).

Esteatose hepática

A EH ocorre em 20 a 60% dos casos e tem sido associada a deficiências nutricionais específicas, alteração no metabolismo de fosfolipídeos e desnutrição.

Objetivando determinar a prevalência de EH avaliada por ultrassonografia abdominal em pacientes pediátricos com FC e associá-la ao estado nutricional, Gobato e colaboradores (2019) realizaram o estudo “Prevalência de esteatose hepática em crianças e adolescentes com fibrose cística e associação com o estado nutricional”, publicado na última edição da Revista Paulista de Pediatria.

Metodologia

Gobato e colaboradores (2019) efetuaram um estudo transversal com 50 crianças e adolescentes, com idades entre 2 e 19 anos, de ambos os sexos.

Os pesquisadores aferiram o peso e a altura para calcular o índice de massa corporal (IMC) e classificação do estado nutricional. Para avaliar a composição corporal, os autores utilizaram a circunferência do braço (CB), a dobra cutânea tricipital (DCT) e a circunferência muscular do braço (CMB). Para o diagnóstico de EH, foi usada a ultrassonografia de abdome.

Os pesquisadores utilizaram os seguintes testes estatísticos: o teste t de Student, o teste de Mann-Whitney e o teste do qui-quadrado, com nível de significância de 5%.

Resultados

Dos 50 pacientes pediátricos, 18 (36%) apresentaram EH (Grupo A) e 32 (64%) não apresentaram (Grupo B).

Para as médias de idade (Grupo A: 13,3±5,0 anos; e Grupo B: 11,7±5,0 anos), IMC (Grupo A: 18,0±4,1; e Grupo B: 15,7±3,8) e DCT (Grupo A: 8,4±3,5 mm; e Grupo B: 7,0±2,5 mm), os pesquisadores não observaram diferença significativa entre os grupos.

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Os autores descreveram que a média da CB e da CMB diferiram significativamente entre os grupos, sendo mais alta no grupo com EH (valores p respectivos de 0,047 e 0,043).

O estudo, no entanto, apresentou limitações. De acordo com os pesquisadores, não foi utilizada bioimpedância elétrica para avaliação da composição corporal,não foi feito um inquérito alimentar que pudesse reconhecer a alimentação desbalanceada e uso de suplementos alimentares que poderiam interferir no estado nutricional e, por fim, foi utilizada uma amostra de conveniência com um número reduzido de pacientes.

Conclusões

Gobato e colaboradores (2019) descreveram que a frequência de EH em pacientes com FC, nesse estudo, foi elevada, entretanto não apresentou relação com a desnutrição, de acordo com os parâmetros de IMC, DCT e CMB. Os autores observaram também que os valores de CB e CMB indicaram maior reserva de massa muscular nos pacientes com EH.

Referência bibliográfica:

  • GOBATO, A. O. et al. Prevalência de esteatose hepática em crianças e adolescentes com fibrose cística e associação com o estado nutricional. Rev Paul Pediatr, v.37, n.4, p.435-441, 2019

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