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Pediatria1 março 2020

Poucos adolescentes portadores do HIV alcançam supressão viral em cinco meses

Segundo um estudo recente, apenas 12% dos indivíduos entre 12 e 24 anos de idade com HIV atingiram a supressão viral dentro de cinco meses com TARV.

Segundo o estudo The HIV Continuum of Care for Adolescents and Young Adults Attending 13 Urban US HIV Care Centers of the NICHD-ATN-CDC-HRSA SMILE Collaborative, publicado no Journal of Acquired Immune Deficiency Syndromes, apenas 12% dos indivíduos entre 12 e 24 anos de idade com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) atingiram a supressão viral dentro de cinco meses após o início de terapia antirretroviral (TARV), o que os torna muito menos propensos do que adultos a reduzir suas cargas virais a níveis indetectáveis. O estudo foi conduzido por Kapogiannis e colaboradores.

HIV em adolescentes

A iniciativa Strategic Multisite Initiative for the Identification, Linkage and Engagement in Care of HIV-infected youth (SMILE) foi uma colaboração entre o National Institute of Child Health and Human Development (NICHD), os Centers for Disease Control and Prevention (CDC), o Health Services and Resources Administration (HRSA) e o NICHD-funded Adolescent Medicine Trials Network for HIV/AIDS Interventions (ATN) que visava abordar, de maneira abrangente, vários objetivos de estratégia nacional para a juventude americana.

Isso incluiu a redução de novas infecções pelo HIV, melhoria no acesso aos cuidados, redução das disparidades e iniquidades em saúde e estabelecimento de esforços para colaboração em todo o país. A iniciativa ajudou jovens infectados pelo HIV (principalmente recém-diagnosticados), com idades entre 12 e 24 anos, vinculando-os a cuidados favoráveis e avaliando cada marco do HIV Care Continuum (HCC), no período de 10/2012 a 09/2014.

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Através dessa iniciativa, foram registrados jovens infectados pelo HIV encaminhados, vinculados, engajados e mantidos em atendimento, juntamente com dados sociodemográficos. A supressão viral (viral suppression – VS) foi definida como ≥ 1 carga viral (viral load – VL) de HIV abaixo do nível de detecção (below the level of detection – BLD) no estudo. Correlatos de VS foram examinados usando modelos de risco proporcional de Cox.

Resultados

Os resultados encontrados foram:

  • Em treze locais de teste, o estudo identificou 1411 jovens infectados pelo HIV: 1.053 (75%) estavam vinculados, 839 (59%) envolvidos e 473 (34%) mantidos em atendimento;
  • A TARV foi iniciada em 474 (34%). Destes, 166 (12%) atingiram VS após um acompanhamento médio de 4,8 meses.

Os preditores de VS incluíram:

  • VL mais baixa na linha de base [razão de risco ajustada – adjusted hazard ratio (aHR) 1,56; Intervalo de confiança de 95% (IC 95%) 1,32-1,89); p <0,0001];
  • Recebimento recente de TARV (aHR 3,10; IC 95% 1,86-5,18; p <0,0001);
  • Menor tempo entre o teste e o encaminhamento – aHR 2,52; IC 95% 1,50-4,23; p = 0,0005 para 7 dias a 6 semanas, e aHR 2,08; IC 95% 1,08-4,04; p = 0,0294 para seis semanas a três meses em comparação com > 3 meses.

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Conclusões

Com esses resultados, os pesquisadores ressaltam a necessidade de envolver prontamente os jovens recém-diagnosticados com HIV, desde o primeiro ponto de contato, mantendo-o desde o início, de maneira que os agrade, como, por exemplo, através de mensagens de texto, mídias sociais e colegas treinados.

Para Kapogiannis, adolescentes e jovens têm necessidades únicas, que, se não forem abordadas de maneira abrangente, podem criar barreiras aos comportamentos de busca de saúde, como, por exemplo, tomar os medicamentos prescritos e comparecer consistentemente às consultas.

Portanto, a eliminação de barreiras em todos os níveis e a intervenção para garantir o atendimento rápido e amigável a jovens com HIV devem ser iniciadas o mais rapidamente possível.

Referência bibliográfica:

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

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