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Pediatria16 junho 2020

Maior risco de fratura em pacientes jovens utilizando benzodiazepínicos

Segundo estudo recente, o risco de fratura é maior em crianças e adolescentes usando benzodiazepínicos quando comparados àqueles que tomam antidepressivos.

Segundo o estudo Benzodiazepine Treatment and Fracture Risk in Young Persons With Anxiety Disorders, publicado no jornal Pediatrics, o risco de fratura é maior em crianças e adolescentes em uso de benzodiazepínicos para ansiedade. Isso quando comparados àqueles que tomam antidepressivos. Nesse estudo, o objetivo foi avaliar se jovens com distúrbios de ansiedade que iniciam o tratamento com benzodiazepínicos têm um risco aumentado de fraturas em comparação a jovens que iniciam inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS).

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Adolescente com ansiedade tratada com benzodiazepínicos se preocupa com a possibilidade de maior risco de fraturas

Características do estudo sobre risco de fraturas e benzodiazepínicos

Os pesquisadores Greta Bushnell e colaboradores avaliaram crianças (6 a 17 anos) e adultos jovens (18 a 24) com um diagnóstico recente de transtorno de ansiedade. E que iniciaram tratamento com benzodiazepínicos ou ISRS, no período entre 2008 a 2016. Os jovens, que possuíam seguro de saúde, foram acompanhados até apresentarem fratura. Ou terem seu tratamento interrompido ou trocado, ou cancelarem a matrícula, ou completarem três meses ou até 31 de dezembro de 2016.

O banco de dados foi obtido através do MarketScan Commercial Claims and Encounters. Esta base de dados abrange indivíduos com seguro de saúde patrocinado pelo empregador e seus dependentes nos Estados Unidos. O desfecho primário foi o registro de códigos de diagnóstico para fraturas de membros superiores e inferiores. O seguimento foi restrito em até 30 dias.

Foram incluídos registros de prescrição de 120.715 crianças de 6 a 17 anos e de 179.768 adultos jovens de 18 a 24 anos. Todos diagnosticados com ansiedade. Em crianças, as taxas brutas de fraturas durante o tratamento foram de 33,1 por 1.000 pessoas/ano para pacientes que iniciaram tratamento com benzodiazepínicos e 25,1 por 1000 pessoas/ano para quem iniciou o tratamento com ISRI. Os pesquisadores observaram que o risco foi aumentado em crianças que iniciaram benzodiazepínicos de ação prolongada versus ISRSs [incident rate ratios (IRR) ajustada = 2,30 / Intervalo de confiança de 95% (IC 95%): 1,08–4,91)]. As taxas de fratura foram menores em adultos jovens, com diferenças mínimas entre os tratamentos [IRR ajustada = 0,85 (IC 95%: 0,57–1,27; diferença na taxa de incidentes ajustada = 21,3 por 1000 pessoas-ano)].

Limitações dos dados sobre tratamento com benzodiazepínicos e o risco de fraturas

Os pesquisadores descreveram as seguintes limitações do estudo: não se pode ter certeza de que a indicação do tratamento primário era um transtorno de ansiedade e se e quando prescrições preenchidas foram consumidas. Faltam medidas de gravidade clínica; não está claro quantas diferenças não medidas na gravidade da condição psiquiátrica existem entre jovens iniciando um benzodiazepínico versus ISRS e como a gravidade da ansiedade afeta o risco de fratura. Pesquisas adicionais são necessárias para avaliar se o risco elevado de fratura com o tratamento com benzodiazepínico está concentrado em crianças com comorbidade psiquiátrica ou se essa observação é resultado de diferenças nas prescrições e/ou características dos pacientes entre crianças com e sem comorbidades psiquiátricas.

O tratamento com benzodiazepínicos é tipicamente mais curto que com ISRS; no entanto, os resultados com restrição de 30 dias de tratamento comparam os resultados com um denominador semelhante. Muitas análises de subgrupos foram limitadas pelo tamanho da amostra. Embora a definição de fratura primária pretenda capturar fraturas com maior probabilidade de ser causada por uma queda, as fraturas podem ser causadas por qualquer mecanismo e não estar relacionadas ao tratamento. Os eventos de fratura foram baseados em códigos de diagnóstico e podem não representar eventos verdadeiros. A validade dos códigos de diagnóstico de fraturas varia de acordo com o tipo de fratura, com valores preditivos positivos tipicamente estimados em 0,80%. Por fim, os dados sobrepuseram a transição para os códigos da International Classification of Diseases, 10th Revision, Clinical Modification (ICD-10-CM).

Conclusão

Bushnell e colaboradores observaram um aumento da taxa de fraturas em crianças com distúrbios de ansiedade que iniciam o tratamento com benzodiazepínicos em comparação ao tratamento com ISRS. Entretanto, isso não foi observado em adultos jovens. Dessa forma, enfatizam a necessidade de maior cautela nas semanas após o início da benzodiazepínicos em crianças com transtornos de ansiedade. Além disso, dada a falta de evidências de eficácia e os dados de segurança limitados para o tratamento com benzodiazepínicos em transtornos de ansiedade em pediatria, esse sinal é uma consideração importante na avaliação de benefício-dano da prescrição de benzodiazepínicos a jovens com esses transtornos.

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Sobre benzodiazepínicos

Os benzodiazepínicos são uma classe de medicamentos comumente prescrita no Estados Unidos, inclusive em populações mais jovens. São prescritos para condições psiquiátricas e não psiquiátricas. Além de serem comumente usados para transtornos de ansiedade entre os jovens; apesar de não serem recomendados pelo Food and Drug Administration (FDA) para essa condição.

Referências bibliográficas:

  • Bushnell G, et al. Benzodiazepine Treatment and Fracture Risk in Young Persons With Anxiety Disorders. Pediatrics, e20193478, 2020 doi: https://doi.org/10.1542/peds.2019-3478

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