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Pediatria6 novembro 2019

Emergências em pediatria: depressão, ansiedade e a relação com asma

Os diagnósticos de ansiedade e depressão frequentemente ocorrem juntos em pediatria. O estudo avaliou associação entre eles e asma em crianças.

A asma é uma doença crônica comum na infância, responsável por 1,7 milhões de idas ao departamento de emergência (DE) anualmente nos Estados Unidos. Ansiedade e depressão também são causas cada vez mais comuns de visitas aos DE e são condições comuns de saúde mental pediátrica. Estima-se que a prevalência de ansiedade esteja entre 6 a 13% em pacientes pediátricos com menos de 18 anos de idade, e a prevalência de depressão varia de 2% em crianças pré-púberes a 5 a 8% em adolescentes.

Os diagnósticos de ansiedade e depressão frequentemente ocorrem juntos em pediatria. Estudos em adultos com asma sugerem que um diagnóstico de ansiedade ou depressão está associado a um maior uso dos cuidados de saúde relacionados à asma. No entanto, essa associação entre ansiedade e depressão e aumento do uso desses cuidados relacionados à asma ainda não havia sido avaliada em crianças.

Avaliar essa associação em pacientes pediátricos com asma foi o objetivo do estudo Depression, Anxiety, and Emergency Department Use for Asthma, de Bardach e colaboradores (2019), publicado na revista americana Pediatrics.

Depressão e ansiedade em pacientes asmáticos

Os pesquisadores identificaram pacientes asmáticos com idades entre seis e 21 anos através do Massachusetts All-Payer Claims Database, de 2014 a 2015, usando os códigos de Classificação Internacional de Doenças, Nona e Décima Revisão (International Classification of Diseases, Ninth and 10th Revision).

Os autores avaliaram a associação entre a presença de ansiedade, depressão ou ansiedade e depressão concomitantes e a taxa de visitas aos DE relacionadas à asma por 100 crianças-ano usando análises bivariadas e multivariáveis com regressão binomial negativa.

Resultados

  • Foram identificados 65.342 pacientes com asma. Destes pacientes, 24,7% tiveram diagnóstico de ansiedade, depressão ou ambos (11,2% apenas de ansiedade, 5,8% apenas de depressão e 7,7% ambos);
  • A taxa geral de uso do DE relacionada à asma foi de 17,1 consultas por 100 crianças-ano [intervalo de confiança de 95% (IC 95%): 16,7–17,5];
  • Controlando por idade, sexo, tipo de plano de saúde e outras doenças crônicas:
  • Os pacientes com ansiedade tiveram uma taxa de 18,9 (IC 95%: 17,0-20,8) visitas aos DE por 100 crianças-ano;
  • Os pacientes com depressão tiveram uma taxa de 21,7 (IC 95%: 18,3–25,0) visitas aos DE por 100 crianças-ano;
  • Os pacientes com depressão e ansiedade apresentaram uma taxa de 27,6 (IC95%: 24,8–30,3) visitas aos DE por 100 crianças-ano;
  • Essas taxas foram mais altas que as dos pacientes que não tiveram diagnóstico de ansiedade ou depressão (15,5 visitas por 100 crianças-ano; IC95%: 14,5-16,4; P, 0,001).

Leia também: Montelucaste e eventos neuropsiquiátricos em crianças com asma

Conclusão

Barache e colaboradores (2019) concluíram que crianças com asma e ansiedade e/ou depressão apresentam taxas mais altas de uso dos DE relacionadas à asma em comparação com aquelas crianças sem esses diagnósticos psiquiátricos.

No entanto, são necessárias mais pesquisas para determinar se a coordenação intensiva de gestão e cuidados para pacientes pediátricos com asma com ansiedade e/ou depressão pode reduzir esse aumento da dependência de cuidados de emergência.

Referências bibliográficas:

  • BARDACH, N. S. et al. Depression, Anxiety, and Emergency Department Use for Asthma. Pediatrics, v.144, n.4, e20190856, 2019.

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

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