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Pediatria15 abril 2025

Incidência e preditores de mortalidade entre neonatos com asfixia perinatal 

Meta-análise foi conduzida para avaliar a incidência e os preditores de mortalidade para asfixia perinatal na Etiópia.
Por Amanda Neves

A asfixia perinatal responde pela segunda principal causa de mortalidade de recém-nascidos no mundo e tem alta morbidade associada como o risco de déficits neurológicos. Caracteriza-se pelo prejuízo na troca gasosa no período periparto, geralmente decorrente do comprometimento do fluxo sanguíneo placentário, com consequente hipóxia, hipercapnia e acidose metabólica progressivas. 

Descrição do estudo

Neste contexto, um estudo do tipo revisão sistemática e meta-análise buscou analisar a associação entre a asfixia perinatal e a mortalidade dos neonatos. 

Dentre os critérios de inclusão, foram analisados: estudos de coorte, em inglês, realizados na Etiópia e publicados no período após 2020 até o dia 30 de agosto de 2024. Ademais, foram selecionados aqueles com um risco baixo a moderado de viés com base nos critérios do Instituto Joanna Briggs. Foram excluídos da revisão: estudos transversais, pesquisas estritamente do tipo qualitativas, relatos de casos, estudos randomizados e aqueles com período de seguimento indefinido. Após seleção rigorosa, 10 estudos foram considerados adequados para a meta-análise. 

A incidência de morte por asfixia perinatal entre neonatos (aqueles com até 28 dias de vida) admitidos no setor de UTI neonatal de hospitais da Etiópia foi considerado o desfecho primário, assim como os preditores associados. 

Incidência e preditores de mortalidade entre neonatos com asfixia perinatal 

Imagem freestockcenter/freepik

Resultados e Discussão

No que concerne aos resultados, a incidência agrupada de mortalidade entre neonatos com asfixia perinatal que estavam internados em UTI neonatal na Etiópia foi de 4 por 100 pessoas-dias; número significativamente maior que o observado na América do Norte, Austrália e Europa, o que pode estar associado a diferenças no acesso à saúde e na qualidade da assistência. 

Dentre os preditores de mortalidade por asfixia perinatal, complicações relacionadas à gestação e ao parto, convulsões neonatais, encefalopatia hipóxico-isquêmica e comorbidades foram identificados. 

Dos dez estudos analisados, quatro apontaram que os recém-nascidos de mães com complicações gestacionais como hipertensão, anemia e hemorragia anteparto tiveram um risco 1,52 vezes maior de mortalidade por asfixia em detrimento daqueles de mães sem intercorrências na gravidez (IC 95%: 1,41-1,64). 

Ademais, cinco estudos evidenciaram que os neonatos de mães que enfrentaram complicações no trabalho de parto como parto prolongado, rotura prematura de membranas ovulares e prolapso de cordão tiveram uma incidência 1,29 vezes maior de morte por asfixia quando comparados aos de mães sem complicações neste período (IC 95%: 1,15 – 1,4).  

Sabe-se neste sentido que as intercorrências gestacionais citadas e o parto laborioso podem implicar redução do suprimento de oxigênio e de nutrientes ao concepto e consequentemente sofrimento fetal.  

O estudo mostrou ainda que os neonatos que além da asfixia perinatal, evoluíram com encefalopatia hipóxico – isquêmica grave, tiveram 1,67 vezes mais chance de óbito quando comparados aos que não tiveram a apresentação grave de tal condição (IC 95%: 1,51 – 1,85). Tal dado foi mostrado por seis dos estudos analisados e remetem ao impacto da lesão do sistema nervoso central na redução da sobrevida ao comprometer funções vitais. 

Além disso, três estudos demonstraram uma incidência 1,23 vezes maior de morte por asfixia naqueles recém-nascidos que apresentaram episódios convulsivos (IC 95%; 1,11 – 1,58) e sete estudos evidenciaram que aqueles com comorbidades como sepse e hipoglicemia apresentaram um risco 1,31 vezes maior de óbito (IC 95%: 1,24-1,39). 

Conclusão e Mensagem Prática

O estudo evidenciou um dado alarmante ao se considerar a alta taxa de mortalidade por asfixia perinatal na Etiópia.  

Diante disso, ratifica-se a necessidade de intervenções estratégicas a fim de reduzir as iniquidades de acesso à saúde e na qualidade da assistência desde o pré-natal, abrangendo os cuidados no parto e perinatais. Capacitar os profissionais para o reconhecimento de situações de risco no pré-natal e no período periparto, disponibilizar recursos adequados para a assistência ao neonato e fortalecer a prática baseada em evidências para o manejo dos pacientes com asfixia perinatal são essenciais para a redução da morbimortalidade dessa população.

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Referências bibliográficas

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