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Pediatria17 maio 2020

Fatores de risco para o desenvolvimento e progressão da Covid-19 em crianças

Um estudo de caso-controle retrospectivo avaliou fatores de risco associados ao desenvolvimento e progressão da Covid-19 em crianças.

Um estudo de caso-controle retrospectivo publicado no Pediatric Infectious Disease Journal avaliou fatores de risco associados ao desenvolvimento e progressão da doença do novo coronavírus (Covid-19) em pediatria.

médica auscultando criança com covid-19

Covid-19 em crianças

O estudo foi realizado em crianças com infecção por SARS-CoV-2 no Hospital Infantil de Wuhan, que era um centro designado para quarentena e tratamento da Covid-19. Os pesquisadores revisaram os prontuários médicos de crianças hospitalizadas na enfermaria geral e na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) entre 25 de janeiro e 8 de março de 2020. Todas as crianças incluídas foram diagnosticadas por detecção confirmada do vírus SARS-CoV-2 com detecção de ácido ribonucleico (RNA) em swabs nasofaríngeos.

  • No período do estudo, 260 crianças foram internadas no Hospital Infantil de Wuhan;
  • Foram incluídas oito crianças classificadas como graves e 35 classificadas como não graves;
  • A idade média dos casos graves foi de 5,06 anos (IQR 0,97–13,83). Seis deles eram meninos (75,0%);
  • Entre os oito casos graves, duas crianças apresentavam comorbidade (25,0%);
  • Um menino de oito anos apresentava leucemia linfoblástica aguda em remissão;
  • Um menino de 15 anos era obeso, com índice de massa corporal (IMC) de 33,1;
  • A presença de comorbidades não foi um risco para desenvolver um quadro mais grave. As comorbidades foram encontradas em oito crianças do grupo não grave (22,9%) e a probabilidade de doenças subjacentes coexistentes não foi diferente entre os dois grupos (P = 1,00);
  • Nos casos com pneumonia grave causada por Covid-19, os sintomas mais comuns foram dispneia (87,5%), febre (62,5%) e tosse (62,5%). Três casos graves (37,5%) desenvolveram sintomas do trato digestivo, incluindo vômitos e diarreia;
  • Todas as crianças graves receberam oxigenoterapia. Cinco delas (13,5%) foram submetidas à ventilação mecânica não invasiva. Três (8,1%) necessitaram de intubação endotraqueal e ventilação mecânica invasiva sob hipóxia progressiva;
  • No grupo não grave, 31 (88,6%) apresentaram febre, 31 (88,6%) apresentaram tosse e 8 (22,9%) tiveram diarreia após exposição aos familiares infectados;
  • Nenhuma das crianças do grupo não grave recebeu oxigenoterapia;
  • A leucometria foi significativamente maior em crianças graves do que em crianças não graves;
  • Níveis de biomarcadores inflamatórios na admissão, como PCR ultrassensível (high-sensitivity C-reactive protein – hs-CRP), interleucina 6 (IL-6), interleucina 10 (IL-10) e D-dímero, eram aumentados em crianças graves em comparação com crianças não graves;
  • Os níveis de bilirrubina total e de ácido úrico na admissão foram nitidamente mais elevados em crianças graves em comparação com crianças não graves;
  • Todas as crianças graves apresentaram lesões na tomografia computadorizada (TC) de tórax. Mais segmentos pulmonares estavam envolvidos em crianças graves do que em crianças não graves, o que foi um fator de risco associado à pneumonia grave por Covid-19 em uma análise multivariável;
  • A duração média da doença dos casos graves, desde o início dos sintomas foi de 3,00 (1,00 a 6,75) dias;
  • O tempo médio de internação foi de 13,50 dias [intervalo interquartílico (IIQ) 12.00–17.30] em crianças graves, maior que a média de internação de 11,00 dias (IIQ 10.00–16.00) para crianças não graves;
  • O tempo médio para os testes de RNA se tornarem negativos foi de 10,50 (6,75 a 13,75) dias em crianças graves, sendo significativamente maior do que em crianças não graves [7,10 dias (IQR 4,00–11,50)];
  • A maioria das crianças graves se recuperou. Um paciente evoluiu para óbito.

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Conclusões

A limitação do estudo é seu pequeno número de amostra. No entanto, os dados já são muito abrangentes, por terem sido realizados no único hospital designado para crianças Covid-19. Com esse estudo, os pesquisadores puderam identificar alguns fatores que podem estar associados à gravidade em crianças infectadas com SARS-CoV-2:

  • As lesões em três segmentos vistas nas TC indicam a gravidade do dano pulmonar, que é o maior risco para o agravamento da Covid-19 em crianças;
  • O aumento de IL-6 foi associado à gravidade, correspondendo a resposta imune superativada ao SARS-CoV-2;
  • Disfunção hepatobiliar e da coagulação intravascular podem sugerir disfunção de múltiplos órgãos.

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Referência bibliográfica:

  • WANG, Yanli et al. The Risk of Children Hospitalized With Severe COVID-19 in Wuhan, The Pediatric Infectious Disease Journal, 2020 doi: 10.1097/INF.0000000000002739

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