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Pediatria19 outubro 2024

EAPS 2024: Novas estratégias para prevenção de infecções pelo VSR

A dra. Angelika Berger apresentou um pouco sobre o vírus sincicial respiratório, sua prevenção e novas opções, como uma vacina e o nirsevimab
Por Jôbert Neves

As discussões sobre as infecções causadas pelo vírus sincicial respiratório (VSR) estão sempre em alta, devido à grande incidência de casos de bronquiolite viral aguda (BVA), na qual este é o principal agente etiológico. Durante o 10º congresso da European Academy of Paediatric Societies (EAPS 2024) foram abordados aspectos relacionados à gravidade da doença, grupos de risco, prevenção e as novas opções de tratamento e imunização disponíveis para combater essa infecção respiratória, apresentados pela Dra. Angelika Berger.

mãe com criança deitada na cama com vírus sincicial respiratório

Vírus sincicial respiratório

Sabemos que a VSR causa uma infecção comum que atinge a maioria das crianças até os dois anos, com espectros clínicos diferentes de apresentação. Cerca de 10% dessas crianças desenvolvem infecção respiratória baixa, e 1% necessitará de hospitalização. Em média, até 200.000 mortes por ano ocorrem, majoritariamente em bebês menores de seis meses, sendo os países de baixa e média renda os mais afetados, tornando as discussões sobre prevenção fundamentais e de grande impacto para a saúde pública.

A Dra. Angelika apresentou dados europeus, evidenciando que as últimas duas temporadas na Europa mostraram um aumento nas hospitalizações, chegando a 2% em algumas regiões. Estudos revelam que entre os hospitalizados, 70% a 80% são bebês previamente saudáveis. Apesar disso, fatores de risco que incluem falta de aleitamento materno, cardiopatias congênitas, imunossupressão e exposição ao fumo materno, devem ser lembrados.

Atenção às medidas de prevenção básica

A prevenção não é apenas médica. Medidas como a lavagem das mãos, o incentivo à amamentação e a conscientização das mães sobre os riscos do fumo são fundamentais. Essas medidas simples podem reduzir significativamente o risco de infecções graves nos primeiros 3-6 meses de vida e devem ser fomentados por todos profissionais de saúde, em especial pelos pediatras.

Atualização: novas opções de tratamento e imunização

Nos últimos anos, a vacina abruzfo e o anticorpo monoclonal nirsevimab (ou bifoactus) foram lançados, proporcionando uma proteção eficaz contra infecções respiratórias graves, com reduções de até 80% nas hospitalizações. A vacina abruzfo, destinada a grávidas, demonstrou uma redução de 80% nas infecções graves e 70% nas hospitalizações até os três meses de vida do bebê. Por sua vez, o birsevimab apresentou resultados semelhantes, sendo eficaz até seis meses após o nascimento.

Estudos apresentados sobre o nirsevimab evidenciaram alta eficácia em estudos na Galícia e na Catalunha, com uma redução de 82% nas hospitalizações por VSR após uma cobertura de imunização de 90%. Na Galícia, lactentes vacinados apresentaram uma incidência cumulativa de hospitalizações significativamente menor em comparação com temporadas anteriores, enquanto na Catalunha, mais de 20.000 lactentes vacinados mostraram diminuições consideráveis em internações em UTI e hospitalizações.

Além disso, o estudo MATIS revelou que a vacinação de mulheres grávidas entre 24 e 36 semanas de gestação reduziu em mais de 80% as infecções graves por VSR em lactentes até três meses e quase 70% até seis meses. Estes dados sugeriram que as vacinas administradas mais próximas do parto resultam em melhores resultados, embora tenha sido identificado um potencial aumento do risco de prematuridade, especialmente em países de baixa e média renda, apesar disso, esta relação não foi observada consistentemente em países de alta renda, sugerindo a necessidade de nvestigações adicionais para melhor correlacionar estes achados.

Atenção às recomendações locais

As recomendações sobre vacinação materna variam globalmente, com diretrizes europeias alinhadas ao intervalo de gestação do estudo MATIS, enquanto nos Estados Unidos (EUA) e outros países a vacinação é recomendada apenas após 32 semanas para reduzir o risco de prematuridade. Diferentes países adotam estratégias variadas: a Argentina prioriza a vacinação materna, a Espanha concentra-se na utilização de anticorpos monoclonais, e os EUA apoiam ambas as abordagens. A educação e a disseminação de informações às famílias são consideradas essenciais para otimizar as estratégias de prevenção do VSR.

Veja quais são as orientações brasileiras.

Mensagem para casa

  • Intervenções eficazes: Existem dois produtos altamente eficazes contra o VSR: o nirsevimab e a vacina para gestantes;
  • Benefícios esperados: Além de reduzir hospitalizações e infecções graves, essas intervenções podem proporcionar benefícios secundários significativos;
  • Cada país deve escolher a intervenção mais adequada às suas necessidades específicas;
  • Ainda existe uma lacuna importante na disponibilidade desses produtos em países de baixa renda, que enfrentam a maior carga de doenças relacionadas ao VSR.]

Acompanhe o congresso da EAPS 2024 com a gente!

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