Logotipo Afya
Anúncio
Pediatria6 janeiro 2021

É seguro o uso de lentes de contato gelatinosas em crianças?

Um estudo avalia se é seguro o uso de lentes de contato gelatinosas em crianças e adolescentes de 8 a 16 anos e possíveis reações adversas.

De acordo com um estudo publicado no jornal Ophthalmic & Physiological Optics, o uso de lentes de contato gelatinosas, em crianças e adolescentes de 8 a 16 anos, apresenta faixas aceitáveis de segurança. O objetivo foi verificar a segurança do uso de lentes de contato gelatinosas nessa faixa etária, por meio de uma revisão retrospectiva de prontuários.

Foram incluídos os prontuários de 963 crianças, sendo 782 pacientes de sete clínicas oftalmológicas dos Estados Unidos e 181 indivíduos incluídos em dois ensaios clínicos randomizados internacionais. Os pacientes foram adaptados pela primeira vez aos 8-12 anos de idade, com vários designs de lentes de contato gelatinosas, prescrições e cronogramas de substituição, e observados até os 16 anos de idade. Os registros de eventos adversos potenciais foram digitalizados eletronicamente e analisados em um consenso.

O uso de lentes de contato gelatinosas por crianças e adolescentes

Houve reações adversas significativas no uso de lentes de contato gelatinosas por crianças?

Os pesquisadores encontraram um total de 2.713 anos de uso e 4.611 idas ao oftalmologista pelo uso de lentes de contato. A coorte foi de 46% do sexo masculino e 60% foram inicialmente adaptados com lentes de contato gelatinosas descartáveis diárias. A idade média da primeira adaptação foi de 10,5 anos, com uma média de 2,8 +/- 1,5 anos de uso. Houve 122 potenciais eventos adversos oculares observados em 118/963 (12,2%) indivíduos. A taxa anual de eventos adversos inflamatórios não infecciosos foi de 0,66%/ano e 0,48%/ano para conjuntivite papilar por lente de contato. Após o consenso, dois casos de ceratite microbiana presumida ou provável foram identificados, uma taxa de 7,4/10.000 anos de uso. Ambos eram adolescentes e um resultou em uma pequena cicatriz, sem perda da acuidade visual.

Segundo os pesquisadores, o resumo dos eventos adversos não significativos vivenciados por esses jovens usuários, mostrou uma taxa relativamente alta de conjuntivite (19 casos) e abrasão/corpo estranho (14 casos), o que parece razoável em uma amostra de crianças em idade escolar. Esses resultados mostram os desfechos de segurança, derivados principalmente de visitas de rotina e não exclusivamente de ensaios clínicos com visitas definidas frequentes; a maioria desses jovens fazia exames oftalmológicos, aproximadamente uma vez por ano, e só compareciam a uma consulta oftalmológica fora desse escopo quando apresentavam algum problema.

Conclusão

Para os pesquisadores, esses resultados garantem uma faixa aceitável de segurança durante o uso das lentes de contato gelatinosas, em crianças de 8 a 16 anos, o que deve ser reforçado com protocolos que enfatizem as melhores práticas para o uso seguro das lentes. Por fim, os pesquisadores concluem que os resultados do estudo atual ajudam a responder às preocupações dos pais e profissionais sobre o risco/benefício do uso de lentes de contato gelatinosas no mundo real em crianças e adolescentes e garantem a segurança relativa do uso dessas lentes na faixa etária de 8 a 16 anos.

Referência bibliográfica:

  • Chalmers RL, McNally JJ, Chamberlain P, Keay L. Adverse event rates in the retrospective cohort study of safety of paediatric soft contact lens wear: the ReCSS study. Ophthalmic Physiol Opt. 2021 Jan;41(1):84-92. doi: 10.1111/opo.12753. Epub 2020 Nov 11. PMID: 33179359.

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Oftalmologia