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Pediatria30 abril 2024

CBUEP 2024: Infecções bacterianas após a pandemia da covid-19 – Como estamos?

Apesar de frequentes, durante a pandemia, houve uma mudança no perfil dessas infecções. Veja o que foi discutido sobre o tema.
Por Jôbert Neves

As infecções bacterinas fazem parte da rotina do pediatra de pronto-socorro. Em pediatra, são diversas as possíveis etiologias, como faringoamigdalites, otites e pneumonias bacterianas, por exemplo. Apesar de frequentes, durante a pandemia, houve uma mudança no perfil dessas infecções e esse tema foi discutido pelo Dr. Bruno Lima, no 4º Congresso Brasileiro de Urgências e Emergências Pediátricas (CBUEP 2024).   

Atualidade

O panorama atual do covid-19 em pediatria foi apresentado, evidenciando o aumento da incidência da doença entre crianças comparados às outras faixas etárias. Além disso, maior número de mortes relacionas por ano, foi registrado em pacientes menores de 19 anos de idade, assim como o aumento do número de internações e piora do prognóstico em coinfecções.  É crescente a discussão ainda sobre as condições clínicas pós- covid, como a covid longa.  

Um importante fator relacionado ao covid-19, que pode ter gerado um impacto na incidência das infecções bacterinas, foram as medidas não farmacológicas. Visto que, com o avançar da pandemia, as orientações de restrição social, uso de máscara, higiene das mãos e isolamento social, potencializaram as medidas de proteção às infecções respiratórias, com impacto expressivo na incidência das infecções virais e doenças bacterinas invasivas. O número de atendimentos pediátricos no pronto-socorro caiu de forma significativa, sendo alguns pediatras até realocados para atendimento de clínica médica. De fato, foi uma comoção mundial, e ficamos hoje com esse registro na nossa história.  

Dr. Bruno apresentou um gráfico, no qual a epidemiologia das infecções respiratórias bacterianos pré e pós-pandemia, foi bem ilustrada e evidenciada. Neste gráfico, o número de infecções por Streptococcus pneumonie, em países do hemisfério norte, chegou a menos de mil casos durante a pandemia, sendo que esse número que ultrapassava três mil nos momento pré-pandemia, para o mesmo período avaliado, reforçando uma redução considerável das infecções respiratórias bacterianas nesse período.  

Mais do congresso: FPIES, um dos diagnósticos diferenciais de sepse em pediatria

Além dos quadros respiratórios, Dr. Bruno apresenta dados brasileiros, na qual há uma redução maciça do número de casos confirmados de meningite bacteriana em nosso país, entre 2017 e 2022, saindo de cerca de 17.000 casos em 2017 para cerca de 5.856 em 2022. Possíveis explicações para essa redução do número de infecções bacterinas foram levantadas, mas dentre elas destacam-se a relação direta com as infecções virais. Sabemos que, a presença de coinfecções viriais favorecem etapas do ciclo patogênico de algumas bactérias, com destaque para o pneumococo, por meio da transmissão, adesão, proliferação, evasão imune, invasão e aspiração. Além desses, fatores climáticos devem ser considerados, assim como a incidência de outras infecções respiratórias virais.  

Após esse período de isolamento social e medidas preventivas intensas, surgiram as discussões sobre a flexibilização e pontos de preocupação em pediatria, que foram o retorno das infecções aos níveis pré-pandêmicos, a exaustiva discussão sobre a baixa cobertura vacinal durante a pandemia, o “débito” imune, caracterizado pelo acúmulo de suscetíveis e as mudanças nos sorotipos dominantes, com infecções inesperadas.  Dr. Bruno também apresenta dados de SIM-P – Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica associada à covid-19, evidenciando uma maior letalidade em países subdesenvolvidos, sendo o acesso aos serviços de saúde um ponto a ser considerado.  

Em relação ao Streptococcus pyogenes, o palestrante relata que a epidemiologia foi semelhante ao perfil apresentado pelo pneumococo durante a pandemia, mas com diversos alertas epidemiológicos de surtos em 2022 na Europa e no Uruguai.  

Nas mensagens finais

  • covid-19 teve impacto significativo em relação à incidência de doenças bacterianas durante a pandemia;
  • Apesar de mudança do perfil epidemiológico, não teve alteração em relação ao padrão de resistência bacteriana, segundo o palestrante;
  • Nossos esforços devem ainda se concentrar na melhoria da cobertura vacina pós-pandemia;
  • Utilização racional de antibióticos deve ser sempre lembrada.  

Fique ligado nos outros destaques do CBUEP 2024!

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