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Pediatria25 maio 2023

CBMIPED 2023: Gerenciamento e impacto do Huddle

O HUDDLE pretende lembrar os profissionais de saúde a importância da discussão que vincule os eventos pré-operatórios à sua ocorrência.

O XVII Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva Pediátrica ocorreu em Salvador, Bahia, de 18 a 20 de maio e foi um grande avanço para a terapia intensiva pediátrica brasileira, com destaque para temas relacionados à gestão das unidades. 

Em palestra realizada no primeiro dia do evento, o professor Ricardo Othon Sidou, de Fortaleza, Ceará, expôs o tema “Gerenciamento e impacto do Huddle”.  

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O palestrante iniciou sua apresentação citando um artigo do Dr. Jean Louis Vincent de 2008 intitulado “Give your patient a fast hug (at least) once a day”. Nessa publicação, o autor original descreve algumas semelhanças entre o cockpit do avião e o ambiente de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) sofisticado em termos de instrumentos complexos, com muitos sistemas de alarme e riscos de complicações com risco de óbito. No entanto, considerando que há relativamente poucos tipos de aviões que se espera que qualquer piloto voe, e os pilotos têm pouca liberdade na escolha de rota, velocidade ou tempo, os intensivistas lidam com uma combinação quase infinita de estados de doença e têm liberdade considerável na escolha e na intensidade das intervenções. Além disso, de acordo com o artigo, um piloto atua sozinho (ou com apenas um copiloto), enquanto o intensivista é o coordenador de uma equipe, não podendo atuar efetivamente sozinho. Todavia, o conceito de listas de verificação pode realmente ser útil na UTI, como no cockpit, e melhor do que o conceito de protocolos. Dessa forma, listas de verificação regulares evitariam descuidos no atendimento.  

Seguindo esse contexto, o Dr. Ricardo nos mostrou a definição de Team Strategies and Tools to Enhance Performance and Patient Safety (TeamSTEPPS™): uma abordagem sistemática desenvolvida pelo Department of Defense (DoD) e pela Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ) dos Estados Unidos, para integrar o trabalho em equipe à prática. Ele é projetado para melhorar a qualidade, a segurança e a eficiência dos cuidados de saúde. 

O HUDDLE, por sua vez, é um componente do Team STEPPS. É uma ferramenta de formação de equipes que aumenta a comunicação eficaz entre os profissionais de saúde. É uma reunião rápida de membros da equipe de saúde para compartilhar informações. Esta breve reunião ou encontro ocorre no início do dia de trabalho. É também um momento em que os grupos planejam contingências, expressam preocupações, abordam conflitos ou reatribuem recursos. Ele oferece às equipes uma forma de gerenciar proativamente a qualidade e a segurança, incluindo a revisão de processos padronizados, e fornece condições para que melhorias se tornam parte da rotina de trabalho, evitando que sejam esquecidas. Ademais, é uma excelente oportunidade para que os membros da equipe revisem o desempenho do dia anterior e olhem para o dia seguinte, sinalizando preocupações de maneira positiva.   

O HUDDLE pode aumentar a conscientização sobre a comunicação interprofissional – Quadro 1.      

Quadro 1: Acrônimo HUDDLE 

H Healthcare (Cuidados de saúde) 

 

U Utilizing (utilizando) 

 

D Discussion (discussão), 

 

D Deliberate (deliberada) 

 

L Linking (ligando) 

 

E Events (eventos pré-operatórios) 

 

O HUDDLE tem o objetivo de lembrar os profissionais de saúde da importância de uma discussão deliberada que vincule os eventos pré-operatórios à sua ocorrência, aumentando assim a conscientização sobre a segurança do paciente e a comunicação interprofissional.    

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CBMIPED 2023: Gerenciamento e impacto do Huddle

CBMIPED 2023: Gerenciamento e impacto do Huddle

Comentário 

Excelente apresentação de um tema extremamente relevante. No dia a dia, observo uma preocupação constante com o uso de protocolos, mas sem uma checagem de sua efetivação e de sua qualidade de execução. O HUDDLE me parece uma excelente forma de averiguar essas abordagens na prática.  

 

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

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