O XVII Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva Pediátrica ocorreu em Salvador, Bahia, de 18 a 20 de maio e foi um grande avanço para a terapia intensiva pediátrica brasileira, com destaque para temas relacionados à gestão das unidades.
Em palestra realizada no primeiro dia do evento, o professor Ricardo Othon Sidou, de Fortaleza, Ceará, expôs o tema “Gerenciamento e impacto do Huddle”.
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O palestrante iniciou sua apresentação citando um artigo do Dr. Jean Louis Vincent de 2008 intitulado “Give your patient a fast hug (at least) once a day”. Nessa publicação, o autor original descreve algumas semelhanças entre o cockpit do avião e o ambiente de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) sofisticado em termos de instrumentos complexos, com muitos sistemas de alarme e riscos de complicações com risco de óbito. No entanto, considerando que há relativamente poucos tipos de aviões que se espera que qualquer piloto voe, e os pilotos têm pouca liberdade na escolha de rota, velocidade ou tempo, os intensivistas lidam com uma combinação quase infinita de estados de doença e têm liberdade considerável na escolha e na intensidade das intervenções. Além disso, de acordo com o artigo, um piloto atua sozinho (ou com apenas um copiloto), enquanto o intensivista é o coordenador de uma equipe, não podendo atuar efetivamente sozinho. Todavia, o conceito de listas de verificação pode realmente ser útil na UTI, como no cockpit, e melhor do que o conceito de protocolos. Dessa forma, listas de verificação regulares evitariam descuidos no atendimento.
Seguindo esse contexto, o Dr. Ricardo nos mostrou a definição de Team Strategies and Tools to Enhance Performance and Patient Safety (TeamSTEPPS™): uma abordagem sistemática desenvolvida pelo Department of Defense (DoD) e pela Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ) dos Estados Unidos, para integrar o trabalho em equipe à prática. Ele é projetado para melhorar a qualidade, a segurança e a eficiência dos cuidados de saúde.
O HUDDLE, por sua vez, é um componente do Team STEPPS™. É uma ferramenta de formação de equipes que aumenta a comunicação eficaz entre os profissionais de saúde. É uma reunião rápida de membros da equipe de saúde para compartilhar informações. Esta breve reunião ou encontro ocorre no início do dia de trabalho. É também um momento em que os grupos planejam contingências, expressam preocupações, abordam conflitos ou reatribuem recursos. Ele oferece às equipes uma forma de gerenciar proativamente a qualidade e a segurança, incluindo a revisão de processos padronizados, e fornece condições para que melhorias se tornam parte da rotina de trabalho, evitando que sejam esquecidas. Ademais, é uma excelente oportunidade para que os membros da equipe revisem o desempenho do dia anterior e olhem para o dia seguinte, sinalizando preocupações de maneira positiva.
O HUDDLE pode aumentar a conscientização sobre a comunicação interprofissional – Quadro 1.
Quadro 1: Acrônimo HUDDLE
H | Healthcare (Cuidados de saúde)
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U | Utilizing (utilizando)
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D | Discussion (discussão),
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D | Deliberate (deliberada)
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L | Linking (ligando)
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E | Events (eventos pré-operatórios)
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O HUDDLE tem o objetivo de lembrar os profissionais de saúde da importância de uma discussão deliberada que vincule os eventos pré-operatórios à sua ocorrência, aumentando assim a conscientização sobre a segurança do paciente e a comunicação interprofissional.
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Comentário
Excelente apresentação de um tema extremamente relevante. No dia a dia, observo uma preocupação constante com o uso de protocolos, mas sem uma checagem de sua efetivação e de sua qualidade de execução. O HUDDLE me parece uma excelente forma de averiguar essas abordagens na prática.
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