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Pediatria5 agosto 2025

Agosto dourado: preditores de aleitamento materno exclusivo

Revisão sistemática investigou os preditores do aleitamento materno exclusivo, visando informar estratégias direcionadas para promover o sucesso da amamentação

O leite materno (LM) é reconhecido como o alimento ideal para bebês, e o aleitamento materno exclusivo (AME) durante os primeiros seis meses de vida é uma estratégia fundamental para a saúde e a sobrevivência infantil. Infelizmente, apesar dos esforços feitos mundialmente, as taxas de AME permanecem abaixo do ideal, com somente 39% dos bebês em países em desenvolvimento recebendo esse tipo de amamentação. As práticas de AME são influenciadas por determinantes multifatoriais, incluindo idade materna, apoio familiar, condições culturais e socioeconômicas, educação, trabalho e políticas de saúde. A conscientização sobre os benefícios do AME e intervenções de apoio nos níveis social, legal e de saúde são essenciais para melhorar essas taxas. No International Breastfeeding Journal, foi publicada uma revisão sistemática com metanálise que investigou os preditores do AME, visando informar estratégias direcionadas para promover o sucesso da amamentação. 

Leia mais: Agosto dourado: aleitamento materno e seus desfechos em crianças

mãe amamentando bebê

Metodologia 

A busca de dados foi conduzida em bases eletrônicas, incluindo Cochrane, EMBASE, Google Acadêmico, Magiran, PubMed/MEDLINE, PsycInfo, Scopus, SID e Web of Science. Foram usadas as seguintes palavras-chave: “risk factors”, “related factors”, “predictive factors”, “exclusive breastfeeding”, and “women”. 

Os critérios de inclusão foram: 

  • Artigos publicados em inglês ou persa de 1º de janeiro de 2000 a 30 de novembro de 2023;  
  • Artigos cuja definição de AME foi fornecida (amamentação exclusiva nos primeiros seis meses e nenhum uso de outros líquidos ou sólidos, mesmo água);  
  • As mulheres estudadas não tiveram gestações de alto risco, como descolamento prematuro da placenta, diabetes, placenta prévia, pré-eclâmpsia, pressão alta, retardo de crescimento intrauterino (RCIU) e trabalho de parto prematuro; 
  • Os artigos usaram métodos observacionais, incluindo desenhos de coorte, transversais, descritivos, longitudinais ou comparativos; 
  • A idade gestacional (IG) do bebê era de 37 semanas ou mais;  
  • O peso ao nascer (PN) do bebê estava entre 2.500 e 4.000 g;  
  • As gestações eram únicas. 

Foram considerados critérios de exclusão: 

  • Estudos que avaliaram somente intenção, duração, decisões e práticas de amamentação; 
  • Estudos que analisaram bebês doentes, como recém-nascidos (RN) com baixo peso ao nascer, síndrome do desconforto respiratório neonatal, parto prematuro, RN internados e RN com anomalias congênitas; 
  • Estudos que investigaram doenças físicas e mentais da mãe (exceto depressão pós-parto); 
  • Artigos sem acesso ao texto completo. 

Resultados 

A revisão incluiu 38 artigos conduzidos em várias partes do mundo, sendo 26 estudos transversais, seis estudos de coorte, dois estudos de levantamento, três estudos prospectivos e um estudo descritivo e analítico. De uma forma geral, a população de mulheres estudada incluiu mães que deram à luz bebês de 0 a 6 meses, com idade média entre 24 e 33 anos. O tamanho da amostra foi de 61 a 46.569, em um estudo transversal no Japão. 

Os fatores preditivos do AME foram categorizados em sete grupos:  

  1. Conhecimento da mãe sobre os benefícios da amamentação; 
  2. Apoio recebido na amamentação e na criação dos filhos; 
  3. Amamentação precoce após o parto; 
  4. Nível de escolaridade da mãe; 
  5. Renda anual; 
  6. Idade materna; 
  7. Cuidados pré-natais.  

Na metanálise, foram incluídos 19 artigos, totalizando uma amostra de 70.183. 

Os pesquisadores observaram que a conscientização da mãe sobre os benefícios da amamentação aumenta as chances de AME em 2,70 vezes; o apoio na criação dos filhos em 2,57 vezes; a amamentação precoce (<24 h) em 1,853 vezes; o nível de educação superior em 1,44 vezes; a autoeficácia em 1,067; a multiparidade ≥ 2 em 1,50 vezes; ter renda anual média-alta foi associado a 28,3% mais chances de AME (intervalo de confiança de 95% [IC 95%] 1,68, 1,54); o sexo feminino do bebê em 1,07 vezes; uma a três consultas pré-natais em 0,108 vezes (IC 95% 1,27, 4,18) e o parto vaginal normal em 2,22 vezes todas estatisticamente significativas (IC 95% 0,91, 5,43). 

Conclusão 

O estudo mostrou que aumentar a conscientização da sociedade sobre aleitamento materno (AM), oferecer apoio abrangente à mãe (econômico, familiar, político, psicológico e social), ter parto normal, iniciar a amamentação nas primeiras horas de vida e receber cuidados de saúde adequados são eficazes para o AME. Dessa forma, para o sucesso do AME, é extremamente relevante que haja uma maior oferta de soluções como o aumento da conscientização e educação sobre AM, o apoio financeiro e político à amamentação, o apoio familiar e social às lactantes, a criação de instalações e programas para incentivar o parto normal, a prestação de serviços maternos adequados e a melhoria dos cuidados maternos e do RN nas primeiras horas de vida. 

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Referências bibliográficas

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