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Oncologia10 abril 2024

Células naturais ampliam o acesso à terapia avançada contra o câncer

Metade dos voluntários respondeu bem ao tratamento, e a doença não progrediu em 1/3 pacientes.

Em 2010, um marco foi alcançado quando o primeiro paciente com câncer foi tratado com terapia com células CAR-T. Pioneiro, o tratamento modifica as células T de um paciente através da inserção de um gene para um Receptor Quimérico de Antígeno (CAR), aumentando significativamente sua capacidade de detectar e eliminar células cancerígenas. No entanto, embora as terapias CAR-T proporcionem uma opção de tratamento potente para cânceres avançados, apresentam desvantagens que limitam a sua utilização. 

Leia ainda: Entenda o que é a terapia com CAR-T cell [podcast] 

“Embora tenhamos visto respostas surpreendentes das células CAR-T, ainda há espaço para melhorias no custo, na complexidade da fabricação individualizada e no perfil de toxicidade relacionado às células CAR-T”, diz Katy Rezvani, professora da Universidade do Texas. 

Rezvani decidiu, então, adicionar o gene CAR às células exterminadoras naturais (natural killers – NK), que, por serem parte do sistema imunológico, são muito precisas em identificar e matar células cancerígenas. 

Células de apenas um doador poderiam potencialmente ser usadas para tratar muitos pacientes”, explica Rezvani. “Certamente, seu uso reduziria o custo da terapia e forneceria um tratamento pronto para uso”, completa Katy, que recorreu ao sangue do cordão umbilical de pessoas saudáveis para a extração de células NK. 

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Método 

As células NK comuns precisam de uma citocina para sustentar a sua persistência, caso contrário, morrem em uma ou duas semanas. Então, Rezvani e seus companheiros de estudo começaram com células NK do sangue do cordão umbilical e as projetaram para incluir genes para um CAR que tem como alvo o CD19 (proteína da superfície de todas as células B) e a IL-15, para ajudar na sua proliferação e sobrevivência.  

Melhor fonte 

Com apenas uma amostra de material, foram produzidas mais de 100 doses de células CAR-NK. Depois de tratar 37 pacientes que registravam presença do marcador CD19, nenhum deles apresentou intoxicação significativa. Metade dos voluntários respondeu bem ao tratamento, e a doença não progrediu em 1/3 pacientes, o período de um ano. 

Os pesquisadores descobriram que a melhor resposta veio do sangue do cordão umbilical com níveis mais baixos de glóbulos vermelhos nucleados e quando congelado em menos de 24 horas após a coleta. 

“As células espalhadas ficam estressadas”, diz Rezvani, frisando a importância do congelamento imediato. “Além disso, alguns artigos mostraram que os glóbulos vermelhos nucleados estão cheios de moléculas imunossupressoras, que inibem a função das células CAR-NK”, finalizou.  

De olho no futuro

“Direcionar o CD19 foi uma prova de princípio. Agora, estamos validando nossa abordagem para atingir outros antígenos”, diz Rezvani. Com a descoberta, tratamentos mais eficazes contra a doença estão cada dia mais próximos da realidade. “Estamos muito encorajados com estes dados”, completa. 

*Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal.

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