ESMO 2024: o que há de novo no screening do câncer de pulmão
O Special symposium, que aconteceu às 16h no Bilbao Auditorium, durante o congresso da European Society for Medical Oncology (ESMO) 2024, discutiu novas abordagens para a prevenção e screening do câncer de pulmão.
Câncer de pulmão
O background, trazido pelo dr. Pan-Chyr Yang, da National Taiwan University e Institute of Biomedical Sciences mostrou que o câncer de pulmão liderou as causas de morte por câncer no mundo segundo dados de 2020, e, embora a maioria dos casos esteja relacionada ao tabaco, mais de 30% dos pacientes com câncer de pulmão não é tabagista, com possível associação da doença com a poluição do ar.
Uma vez que o rastreio preconizado com tomografia de tórax de baixa dose para pacientes tabagistas contribuiu com a redução da mortalidade por câncer de pulmão através do diagnóstico em estágios iniciais, a questão a ser debatida é como expandir a elegibilidade de screening na população não tabagista.
Rastreamento do câncer
Dr. Torsten Gerriet, de Berlim, falou sobre o rastreamento atual, reforçando a importância do diagnóstico precoce como forma de aumentar o número de casos curáveis.
A palestra evidenciou outros benefícios do rastreamento do câncer de pulmão, como maior número de ressecções cirúrgicas, redução da mortalidade, aumento nos índices de cessação de tabagismo, melhora da qualidade de vida, redução de custos em saúde e dificuldades, como correta definição dos pacientes elegíveis, achados falsos positivos, abordagens invasivas fúteis, impacto psicológico negativo e neoplasias secundárias induzidas por radiação.
Dr. Pan-Chyr Yang retorna então com o questionamento: uma vez que a incidência de câncer de pulmão em não fumantes está aumentando no mundo, devemos realizar screening nessa população?
Tendo em vista evidências prévias de assinaturas moleculares características em pacientes não tabagistas com câncer de pulmão, talvez seja esse um dos caminhos para melhor identificação desses indivíduos. Além da associação com mutações em KRAS e EGFR, alguns estudos mostram também alterações no cromossomo 7p e importante associação com história familiar positiva.
A aula conclui que pacientes não fumantes que apresentam critérios de risco devem ser investigados precocemente.
O papel da imunoterapia na propedêutica e prevenção do câncer de pulmão foi discutido pelo dr. Jianjun Jay Zhang, do departamento de Genomic Medicine do MD Anderson Cancer Center.
Tendo em vista que lesões pré-invasivas apresentam um microambiente imune/inflamatório mais preservado, a questão é se conseguiríamos reprogramar esse microambiente de forma precoce.
Após discussão de alguns estudos animais e em lesões precoces vistas em tomografia de rastreio, conclui-se que a imunoprevenção e interceptação precoces apresentam potenciais para redução da mortalidade por câncer, mas há a necessidade de melhoria nos algoritmos para definição de pacientes verdadeiramente de alto risco. São necessárias mais pesquisas em fases pré-câncer para identificar a biologia relevante, biomarcadores e alvos potenciais.
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Biomarcadores para detecção precoce
Por último, dr. Rafal Dziadziuszko, da Medical University of Gdansk, trouxe o questionamento de porque precisamos de biomarcadores para detecção precoce do câncer de pulmão?
Segundo ele, essa questão baseia-se em três pontos principais: identificar de maneira individualizada os pacientes de alto risco que precisam prosseguir investigação, identificar a população de alto risco para screening com tomografia computadorizada de baixa dosagem e para melhor discriminação de lesões malignas e não malignas.
A aula conclui mostrando que mesmo com intenso esforço nos últimos 10 anos, nenhum biomarcador ainda foi definido para contribuir com o rastreio por TC e que há necessidade de investigação nos próprios programas de screening e de melhor definição do nível de acurácia nos estudos de validação.
Confira todos os destaques do ESMO 2024 aqui!
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