O termo “cefaleia em trovoada (CT)” refere-se a uma cefaleia de forte intensidade de início repentino que atinge sua intensidade máxima em um minuto ou menos. O nome “trovoada” surge devido a sua natureza explosiva e inesperada.
Apesar de muitas vezes o termo ser utilizado no contexto de um aneurisma intracraniano roto (Hemorragia subaracnoidea), há várias etiologias que devem ser conhecidas e consideradas no diagnóstico diferencial.
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Algumas etiologias possíveis de CT:
Etiologias mais comuns de Cafaleia em trovoada |
Hemorragia Subaracnoidea |
Síndrome de vasoconstricção cerebral reversível (RCVS) |
Etiologias menos comuns de Cefaleia em trovoada |
Neuroinfecção |
Trombose venosa cerebral |
Dissecção de artéria cervical |
Hipotensão intracraniana espontânea |
Crise hipertensiva aguda |
Síndrome de leucoencefalopatia reversível posterior (PRESS) |
Acidente vascular isquêmico |
Condições raras de cefaleia em trovoada |
Apoplexia hipofisária |
Cisto coloide de terceiro ventrículo |
Dissecção do arco aórtico |
Estenose aqueductal |
Tumor cerebral |
Arterite de células gigantes |
Feocromocitoma |
Pneumoencéfalo |
Hematoma retroclival |
Vasculopatia pelo vírus da varicela zoster |
Síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada |
Outras Condições |
Cefaleia sentinela (aneurisma craniano não roto) |
Cefaleia primária (por exemplo: trigêmioautonômicas) |
A CT pode apresentar-se clinicamente isolada, sendo difícil determinar a etiologia num primeiro momento, no entanto, hipóteses diagnósticas podem ser feitas durante anamnese e exame físico direcionados. Algumas apresentações clínicas podem sugerir fortemente causas específicas, por exemplo:
- CT associado a alteração do estado mental, convulsões ou sintomas e sinais neurológicos focais podem ser ocasionados por diversas etiologias, principalmente a hemorragia subaracnoidea, mas também RCVS, PRES, crise hipertensiva, trombose venosa cerebral, dissecção da artéria cervical ou acidente vascular cerebral isquêmico.
- A CT recorrente ao longo de dias a semanas sugere RCVS.
- CT associado a cefaleia ortostática sugere hipotensão intracraniana espontânea.
- CT no cenário pós-parto sugere RCVS ou trombose venosa cerebral.
- Trauma leve recente sugere dissecção da artéria cervical ou hipotensão intracraniana espontânea.
- A síndrome de Horner ou zumbido pulsátil sugere dissecção da artéria carótida interna ipsilateral.
- Papiledema e sintomas visuais sugerem hipertensão intracraniana relacionada à trombose venosa cerebral.
- Febre ou meningismo sugere meningite.
Independente das apresentações, todos os pacientes com CT devem ser avaliados quanto a possibilidade de um quadro de hemorragia subaracnoidea. A investigação inicial é feita com tomografia de crânio sem contraste e punção lombar diante de uma forte suspeita clínica e neuroimagem normal.
Investigação adicional
Uma vez afastada esta hipótese, é recomendado prosseguir a investigação com exames de Ressonância Magnética com estudo do sistema arterial e venoso cerebral para excluir causas como, trombose venosa cerebral, dissecção da artéria cervical, hipotensão intracraniana espontânea e PRESS. No entanto, alguns especialistas acreditam que os pacientes que apresentam um único episódio de CT, que são assintomáticos e têm exame neurológico, tomografia computadorizada do crânio e achados do LCR na punção lombar normais, não necessitam de avaliação adicional em um primeiro momento.
Diante das etiologias intracranianas potencialmente fatais apresentadas de CT, a mesma deve ser conduzida como uma emergência médica e requer avaliação e tratamento imediatos.
Referências bibliográficas:
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- Maher M, Schweizer TA, Macdonald RL. Treatment of Spontaneous Subarachnoid Hemorrhage: Guidelines and Gaps. Stroke. 2020;51:1326.
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