O AVC é uma importante causa de morbimortalidade em todo o mundo. Dentre as opções de tratamento, estão a recanalização mecânica (trombectomia) e/ou medicamentosa (p.e. alteplase). Além disso, outras opções incluem as medicações antiagregantes plaquetárias, como o AAS, isolado ou associado ao clopidogrel (em regime de dupla antiagregação). Tais medicações são parcialmente eficazes na prevenção de formação de trombos arteriais.
Nesse intuito, tem ganhado espaço o uso do Tirofiban, inibidor de glicoproteína IIb/IIIa, como adjuvante na abordagem do AVC.
O estudo
A revisão sistemática incluiu 15 estudos, sendo 11 ensaios clínicos randomizados e 4 coortes retrospectivas. Desfechos primários incluíram sangramento intracraniano e melhora clínica funcional pela escala de Rankin 0-2 em 90 dias. Desfechos secundários incluíram redução na escala de NIHSS e mortalidade. Foram avaliados 4457 pacientes ao todo, divididos em 2 grupos: um grupo recebeu terapia padrão (anti agregação, trombólise, trombectomia), outro grupo recebeu Tirofiban por 1-3 dias, seguido de DAPT.
Com relação aos desfechos primários, houve maior chance de redução na escala de Rankin modificada no grupo que recebeu Tirofiban (OR 1.65), com efeito significativo na melhora, porém com heterogeneidade nos estudos. Já em relação a segurança, houve um risco maior de sangramento no grupo que recebeu Tirofiban (RR 1.28), porém sem efeito geral significativo. Além disso, o Tirofiban também foi eficaz em reduzir a escala de NIHSS e a taxa de mortalidade foi menor no grupo que recebeu tal medicação.
Sobre a heterogeneidade encontrada para alguns desfechos, possivelmente devido a diferenças entre os pacientes, populações, gravidades de comorbidades clínicas e protocolos de tratamento diferentes nos estudos (dose e tempo de administração do Tirofiban).
Outra questão inclui o fato dos estudos terem sido realizados na população chinesa, com dificuldades para extrapolar tais conclusões para outras populações.
Mensagem final: Tirofiban no AVC agudo
Apesar de promissor, a terapia combinada com Tirofiban carece de dados em outras populações, incluindo a brasileira, com desenvolvimento de estudos clínicos randomizados e protocolos mais homogêneos para assegurar os dados descritos nesta revisão.
Contudo, é animador ver o avanço nas possibilidades terapêuticas dessa condição tão prevalente e incapacitante quanto o AVC.
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