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Neurologia15 maio 2025

Terapia intravenosa com fosfenitoína na neuralgia do trigêmeo 

Estudo investigou a eficácia e a segurança da fosfenitoína intravenosa para a exacerbação aguda da neuralgia do trigêmeo

A neuralgia do trigêmeo é uma condição caracterizada por dores faciais intensas e súbitas, geralmente em pontadas ou choques causada por disfunção do quinto par craniano, o nervo trigêmeo, podendo ser causada por compressão vascular, disfunção no processamento central da dor ou por lesões estruturais, como esclerose múltipla, tumores ou malformações vasculares. Durante crises agudas, os tratamentos orais convencionais, como a carbamazepina, em alguns casos, não proporcionam alívio imediato, o que pode tornar a vida do paciente incapacitante. 

Este estudo em questão, teve como objetivo principal avaliar a eficácia e segurança da administração intravenosa de fosfenitoína, um medicamento anticonvulsivante usado principalmente para o tratamento de crises epilépticas especialmente em situações de emergência como o status epilepticus , como tratamento de resgate para crises agudas de neuralgia do trigêmeo, tanto em pacientes que ainda não passaram por cirurgia quanto naqueles no período pós-operatório de descompressão microvascular (DMV). 

A fosfenitoína é uma forma solúvel da fenitoína e tem como vantagem poder ser administrada de forma intravenosa ou intramuscular, sendo absorvida mais rapidamente. 

Métodos 

Foi realizado um estudo observacional retrospectivo com 41 pacientes diagnosticados com neuralgia do trigêmeo típica, atendidos entre setembro de 2015 e novembro de 2023 no Nakamura Memorial Hospital, em Sapporo, no Japão. Como critérios de inclusão temos idade acima de 18 anos, crises agudas de neuralgia do trigêmeo, histórico de tratamento prévio com medicamentos, descompressão microvascular, bloqueios nervosos ou cirurgia de ablação. Pacientes com alergia conhecida a fosfenitoína e com arritmias graves, bradicardia sinusal e bloqueio cardíaco foram excluídos do estudo. 

O uso da medicação foi realizado fora de indicação aprovada (off-label) e os pacientes consentiram o uso, o estudo foi aprovado pelo comitê de ética e os pacientes informados sobre possíveis colaterais como tontura, distúrbios de marcha, nistagmo, disartria, ataxia, diplopia, sonolência, palpitações, hipotensão, flebite e arritmias. 

A fosfenitoína foi administrada por via intravenosa, diluída em solução salina, administrada por bomba de infusão, com doses de ataque variando entre 9,8 e 20,7 mg/kg (750-1.200 mg por dose) e doses de manutenção entre 7,5 e 9,5 mg/kg (422-750 mg por dose), conforme necessário. 

Durante a infusão os pacientes permaneceram monitorizados e orientados a permanecer em repouso por uma hora após a infusão. As reações adversas foram anotadas, além de realizados testes laboratoriais para avaliação hepática e renal. 

A intensidade da dor foi avaliada utilizando a escala numérica de dor (NRS) imediatamente  antes da administração (linha de base) e 2, 12 e 24 horas após a administração da medicação. 

Resultados 

A maioria dos pacientes do estudo tinham uma idade média de 66 anos, sexo feminino e com o ramo V2 e V3 mais afetados, sendo que 53,7% já haviam feito a cirurgia de descompressão e 73,2% estavam em crise aguda de neuralgia do trigêmeo com dor intensa (NRS > 7). 

A pontuação média na escala NRS antes da administração foi de 9,85 ± 0,69. Após 2 horas, a média caiu para 0,49 ± 1,47; após 12 horas, para 1,60 ± 2,19; e após 24 horas, para 3,46 ± 3,19, com todas as reduções sendo estatisticamente significativas (p < 0,001).  

O alívio da dor foi observado independentemente do uso concomitante de outros medicamentos ou da realização prévia de DMV. A fosfenitoína também se mostrou eficaz em administrações repetidas (n = 14) e como terapia de manutenção (n = 2). Os efeitos adversos foram leves e transitórios, incluindo tontura (6 pacientes), percepção auditiva anormal e sede (3 pacientes cada), sonolência, redução da saturação de oxigênio e erupção cutânea (1 paciente cada). Não houve relatos de arritmias, hipotensão grave ou reação alérgica, assim como também não foram observadas alterações laboratoriais significativas. 

Conclusão 

O estudo em questão demonstrou que a administração intravenosa de fosfenitoína proporciona alívio rápido e significativo da dor em crises agudas de neuralgia do trigêmeo, promovendo alívio da dor em até 2 horas após a sua infusão, tendo efeito sustentado por 24 horas, sendo eficaz tanto em pacientes que ainda não passaram por cirurgia quanto naqueles no período pós-operatório de DMV. 

Apresentou também baixa incidência de efeitos colaterais, mostrando segurança e tolerabilidade.  

Devido à sua eficácia e perfil de segurança favorável, a fosfenitoína intravenosa pode ser considerada uma opção terapêutica valiosa, eficaz, segura e rápida, principalmente em situações de emergência de crises agudas de neuralgia do trigêmeo, onde o controle da dor é urgente e os tratamentos convencionais não foram eficazes ou toleráveis, ou como medida temporária até a realização de tratamentos eletivos, como a DMV.

Saiba mais: AAN 2025: Abordagem para neuralgia do trigêmeo e seus mimetizadores

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