Entenda a relação entre fragilidade, demência e cognição
Devido à natureza multidimensional e multissistêmica, pressupõe-se que a fragilidade inclui três esferas de fenótipos físicos, cognitivos e psicossociais.
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A fragilidade é um estado intermediário crucial do processo de envelhecimento, caracterizado por um risco aumentado de eventos negativos relacionados à saúde, incluindo hospitalização e morte. A fragilidade é compreendida como uma queda da reserva e resistência a estressores do organismo, levando à redução da capacidade de retorno à homeostase.
A Síndrome de fragilidade, proposta operacional de Fried et al., é capaz de traduzir as manifestações do ciclo da fragilidade. É composto pelos itens perda de peso, exaustão, nível de atividade física, força muscular e lentidão da marcha, e classifica o idoso de acordo com número de itens positivos como:
- frágil;
- pré-frágil;
- não frágil.
A fragilidade cognitiva é uma condição recentemente definida por critérios operacionalizados que descrevem fragilidade física coexistente e comprometimento cognitivo leve (CCL), com dois subtipos propostos:
- fragilidade cognitiva potencialmente reversível (fragilidade física/CCL);
- fragilidade cognitiva reversível (fragilidade física/cognitivo subjetivo pré-MCI declínio).
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Mais de 40 definições operacionais de fragilidade foram propostas, mas segundo artigo publicado na The Lancet Neurology três abordagens principais são comumente usadas:
1. Fenotípica
A primeira abordagem baseia-se na noção de um fenótipo de fragilidade física e biológica, para o qual a definição operacional pressupõe um estado de balanço energético negativo, sarcopenia, diminuição da força muscular e baixa tolerância ao esforço.
2. Acúmulo de déficit
Uma definição alternativa e potencialmente complementar de fragilidade é fornecida pelo chamado modelo de acumulação de déficit, que incorpora vários fatores que vão desde estados de doença, sintomas e sinais, até valores laboratoriais anormais. Déficits são listados e depois divididos pelo número total de déficits identificados em um paciente para produzir um índice de fragilidade.
3. Modelo biopsicossocial
A terceira abordagem da fragilidade baseia-se no modelo biopsicossocial, que mescla os domínios físico e psicossocial e amplia o construto da fragilidade para as ciências sociais.
Conclusão
Devido à sua natureza multidimensional e multissistêmica, na verdade pode pressupor que a fragilidade inclui de fato essas três esferas de fenótipos físicos, cognitivos e psicossociais. Em algum momento uma dessas esferas estaria mais ativa. Futuramente espera-se correlacionar a fragilidade com patologias relacionadas. Atualmente diferentes fenótipos de fragilidade estão relacionados a características neuropatológicas da doença de Alzheimer e outras demências.
Portanto, essas ligações de fragilidade e cognição e o potencial de reversibilidade dos fenótipos de fragilidade sugerem que esses fenótipos podem ser alvos importantes para a prevenção da dependência e de demências secundárias nos estágios iniciais, ou mesmo em estágios assintomáticos da doença.
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Referências:
- Francesco Panza, Madia Lozupone, Giancarlo Logroscino – Entendendo a fragilidade para prever e prevenir a demência- Publicado: fevereiro de 2019 DOI: https://doi.org/10.1016/S1474-4422(18)30446-0
- ARTIGO Ciênc. saúde colet. 21 (11) Nov 2016 • https://doi.org/10.1590/1413-812320152111.23292015 – Fenótipo de fragilidade: influência de cada item na determinação da fragilidade em idosos comunitários – Rede Fibra.
- Panza F , Lozupone M , Solfrizzi V , Sardona R , Dibello V , Di Lena L , D’Urso F , Stallone R , Petruzzi M , Giannelli G , Quaranta N , Bellomo A , Greco A , Daniele A , Seripa D , Logroscino G . Diferentes modelos de fraqueza cognitiva e resultados relacionados à saúde e cognição na idade avançada: da epidemiologia à prevenção. J Alzheimers Dis. 2018; 62 (3): 993-1012. doi: 10.3233 / JAD-170963.
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