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Neurologia1 fevereiro 2020

Parkinson pode começar a se desenvolver antes do nascimento?

Um grupo de pesquisadores do Centro Médico Cedars-Sinai, em Los Angeles, nos Estados Unidos, está investigando a origem da doença de Parkinson.

Por Úrsula Neves

Um grupo de pesquisadores do Centro Médico Cedars-Sinai, em Los Angeles, nos Estados Unidos, está investigando a origem da doença de Parkinson para conseguir identificar quando realmente a doença começa a se desenvolver no organismo das pessoas.

Os cientistas querem saber o que aconteceu com as células de indivíduos com manifestação precoce do Parkinson, diagnosticados entre os 21 a 50 anos, que correspondem de 5 a 10% do total de pacientes com essa doença.

Em geral, a enfermidade ocorre quando os neurônios que produzem a dopamina morrem ou têm o seu funcionamento deteriorado, fazendo com que os sintomas comecem a aparecer, geralmente a partir dos 60 anos, e a piorar, com rigidez nos músculos, lentidão nos movimentos corporais, tremores e perda de equilíbrio.

Um outro estudo já havia revelado que alguns sinais do Parkinson podem ser detectados no cérebro até 20 anos antes do surgimento dos sintomas da enfermidade, como perda do olfato, constipação, depressão e distúrbios do sono.

Leia também: Parkinson em 2019: 6 novidades sobre a doença

médica mostrando prontuário para paciente com doença de Parkinson

Estudo sobre Parkinson

Os cientistas querem descobrir como e por que são causadas essas falhas. Estima-se que 10% dos casos são causados por mutações em genes específicos, podendo haver uma combinação de fatores ambientais e genéticos.

Por isso, os médicos envolvidos nesta pesquisa estão investigando os casos de jovens pacientes com a doença sem histórico familiar e sem mutações associadas ao Parkinson.

Para ajudar no estudo foram geradas células-tronco pluripotente induzidas (do inglês, induced pluripotent stem cells, IPS), que, por sua vez, foram geradas levando células adultas ao seu estado primitivo embrionário. Desta maneira, as células-tronco pluripotente induzidas podem produzir qualquer tipo de célula do corpo humano, sendo geneticamente idêntica às células do paciente.

No caso deste estudo, foram coletadas células do sangue dos pacientes, que geraram iPSCs e neurônios produtores de dopamina.

A primeira etapa do estudo envolveu três pacientes com Parkinson precoce e três indivíduos em um grupo controle. Depois, houve uma nova rodada de checagem com mais pacientes.

Veja ainda: Dia Nacional do Pakinsoniano: conheça os avanços no combate à doença de Parkinson

“Com a técnica, conseguimos verificar como os neurônios dopaminérgicos podem ter funcionado desde o início da vida de um paciente”, explicou Clive Svendsen, líder do estudo, pesquisador e professor do Cedars-Sinai, em um comunicado para a imprensa.

Foram detectadas duas anormalidades importantes nestes neurônios:

  • O acúmulo da proteína alfa-sinucleína, presente na maioria das manifestações de Parkinson;
  • E a presença de lisossomos defeituosos.

“Parece que os neurônios dopaminérgicos podem continuar a manipular a alfa-sinucleína por um período de 20 ou 30 anos, causando o surgimento dos sintomas de Parkinson”, diz o estudo.

Os pesquisadores esperam que com essas novas descobertas um dia seja possível detectar e tratar o Parkinson preventivamente, inclusive em jovens.

No presente estudo, eles também testaram o efeito de alguns medicamentos nos neurônios, observando que alguns foram capazes de reduzir os níveis de alfa-sinucleína na célula.

O próximo passo é verificar utilizando a mesma técnica se também há anormalidades detectadas nas células de pacientes com outros perfis, como aqueles com mais de 50 anos de idade.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

Referências bibliográficas:

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