Entre tantas descobertas que estão revolucionando a forma de tratar a doença de Parkinson, a nossa equipe trouxe as seis mais promissoras, comentadas pela neurologista Sara Casagrande, da equipe de Parkinson e Distúrbios de Movimento do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).
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1. Vacina em desenvolvimento para frear a evolução do Parkinson
Uma equipe de pesquisadores do hospital Johns Hopkins Medicine afirma ter encontrado novas evidências de que o Parkinson se origina entre as células do intestino e segue até os neurônios do cérebro. O estudo clínico, que está na fase 2 e foi publicado na edição de junho da revista Neuron, oferece um modelo novo e mais preciso para testar tratamentos que poderiam prevenir ou, até mesmo, interromper a progressão da enfermidade.
O novo estudo se baseia em observações feitas em 2003 pelo neuroanatomista alemão Heiko Braak, que mostrou que pacientes com a doença também possuíam um acúmulo de proteína alfa-sinucleína desdobrada nas partes do sistema nervoso central que controlam o intestino. O aparecimento dessas proteínas maléficas para os neurônios condiz com alguns sintomas iniciais de Parkinson que incluem constipação.
“A ideia de que essa vacina conteria a evolução da doença em seu início se baseou em estudos feitos em bancos de cérebro mundiais. E, também, em uma teoria que defende que o Parkinson começa no intestino, onde provoca constipação, e depois segue para o cérebro, levando à perda do olfato e afetando os sonhos. Há casos em que esses sintomas podem aparecer até 20 anos antes do diagnóstico e, quando eles são identificados precocemente, têm quase 80% de chances de a pessoa desenvolver a doença. Daí a importância de surgir uma medicação preventiva”, esclarece Sara Casagrande.
2. Nova medicação para Parkinson tem efeito benéfico duplo
Previsto para chegar ao Brasil no segundo semestre de 2019, o medicamento Safinamida tem efeito duplo em pacientes com Parkinson: aumentando a dopamina e bloqueando o glutamato, o que ajudaria a não piorar ou, até mesmo, a bloquear as discinesias.
“Essa medicação promete ter um benefício duplo no tratamento dos pacientes de Parkinson, utilizado juntamente com o Levodopa, medicação clássica de uso já corriqueiro. Essa nova droga promete tratar não somente os sintomas, melhorando o aporte da dopamina, como também não piorar e, até mesmo, bloquear as discinesias”, explica a neurologista.
3. Toxina botulínica controla salivação excessiva no Parkinson
Foi comprovada a eficácia e a segurança da aplicação da toxina botulínica nas glândulas salivares para combater o excesso de salivação, característica das pessoas com Parkinson.
“Essa salivação excessiva traz comprometimento social aos pacientes, além de aumentar os riscos de broncoaspiração, o que pode levar à pneumonia de repetição e a micro engasgos, inclusive durante o sono”, diz Sara Casagrande, que é também especialista em toxina botulínica neurológica.
Como existem poucas medicações eficazes para isso, essa aprovação é realmente uma grande novidade.
4. Dieta mediterrânea pode reduzir chances de ter Parkinson
Esse estudo estampa uma das recentes capas do mais importante periódico do mundo sobre a doença, o Movement Disorders, da Sociedade Internacional de Transtornos e Parkinson e Movimento.
“A matéria principal do periódico aponta que uma alimentação rica em gorduras boas, como o ômega 3, com ação anti-inflamatória e antioxidante, teria efeito protetor no cérebro”, destaca a neurologista.
A base dessa alimentação inclui frutas, vegetais, oleaginosas, azeite, frutos do mar, uma pequena quantidade de vinho e derivados do leite, como queijos.
5. Brasil já tem novos estimuladores cerebrais direcionais para tratar Parkinson
Os estimuladores cerebrais profundos ou marca-passos cerebrais são as novas tecnologias disponíveis hoje no mercado nacional e internacional como tratamento da doença de Parkinson.
É uma neurocirurgia, onde é implantado esse estimulador na região afetada. Esses novos estimuladores cerebrais direcionais (como o nome já diz) direcionam a estimulação para uma determinada área evitando estimular também as regiões vizinhas.
“A vantagem está em permitir que o médico redirecione a energia para frente, para trás ou para os lados e garanta que o estímulo seja colocado na região cerebral envolvida com o movimento involuntário, sem o risco de atingir áreas vizinhas e causar efeitos indesejados, como a piora da fala, que já é naturalmente alterada pelo Parkinson”, compara Sara Casagrande, especialista em estimulação cerebral profunda.
Outra novidade são os estimuladores adaptáveis, que também têm sistemas inteligentes que conseguem mudar a sua programação de acordo com os estímulos do próprio cérebro e as mudanças de ondas cerebrais. Mas esses ainda não estão disponíveis no mercado.
6. FDA aprova Levodopa inalatória para Parkinson
Como uma bombinha de asma, esse novo medicamento faz efeito muito rápido, em apenas dez minutos. Essa novidade reduz a ação da Levadopa oral antes da hora de tomar a próxima dose.
“Com isso, é possível aliviar rapidamente alguns sintomas do off, muitas vezes imprevisíveis, como a sensação de congelamento ao andar ou mudar de direção, os tremores involuntários, a rigidez muscular e o bloqueio no momento que o paciente estiver realizando alguma tarefa motora”, exemplifica Sara Casagrande.
*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED
Referências:
- http://sciam.uol.com.br/doenca-de-parkinson-comecaria-no-intestino-sugere-novo-estudo/
- http://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/10/948070/revista543rev2-artigo3.pdf
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4252747/
- https://www.fda.gov/news-events/press-announcements/fda-approves-drug-treat-parkinsons-disease
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