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Neurologia18 setembro 2025

Paquimeningite hipertrófica: Quais são as novidades? 

Estudo avaliou as características clínicas e radiológicas, e os resultados, de uma grande coorte de pacientes com paquimeningite hipertrófica
Por Thiago Nascimento

A paquimeningite hipertrófica (HP) é uma condição rara, marcada pelo espessamento inflamatório ou fibroso da dura-máter, que pode levar a sintomas como cefaleia crônica, neuropatias cranianas, déficit neurológico focal e até hipertensão intracraniana. Apesar de descrita há décadas, ainda é considerada uma entidade heterogênea, com múltiplas causas possíveis, de doenças autoimunes até infecções e neoplasias. 

O artigo publicado recentemente na Rheumatology analisou 74 casos de HP em um centro de referência mexicano, tornando-se uma das maiores coortes já publicadas sobre o tema.  

Principais achados do estudo 

  • Etiologias predominantes: a vasculite associada a ANCA (principalmente granulomatose com poliangiíte – GPA) e a tuberculose foram as causas mais comuns. Essa informação é particularmente relevante para países com alta carga de infecções como o Brasil. 
  • Diferenças clínicas: 
    • GPA-HP apresentou curso crônico, cefaleia recorrente, neuropatias cranianas e manifestações extraneurológicas frequentes. 
    • TB-HP esteve mais associada a febre, alteração do estado mental, hipoglicorraquia no líquor e maior mortalidade. 
    • HP neoplásica mostrou curso subagudo, padrão focal e mau prognóstico. 
  • Achados de imagem: 
    • Realce periférico e o sinal “Eiffel-by-night foram encontrados apenas em formas imunomediadas, sugerindo marcadores úteis para diferenciar etiologias. 
    • Na tuberculose, houve maior frequência de lesões parenquimatosas, leptomeníngeas e até eventos isquêmicos. 
    • HP associada a neoplasias apresentou envolvimento nodular e assimétrico. 
  • Subtipos de ANCA: 
    • PR3-ANCA: curso mais agudo, limitado ao crânio. 
    • MPO-ANCA: evolução crônica, maior risco de HP espinhal.

Leia também: Paquimeningite relacionada à IgG-4: como identificar? 

Paquimeningite hipertrófica: Quais são as novidades? 

Por que este artigo é importante? 

O estudo reforça que nem toda paquimeningite em pacientes autoimunes deve ser atribuída diretamente à doença de base — é crucial investigar causas infecciosas ou malignas, especialmente em regiões endêmicas. Além disso, os padrões de imagem (periférico, Eiffel-by-night, lesões parenquimatosas) podem guiar a diferenciação diagnóstica antes mesmo da confirmação histológica.  

Conclusão 

Este trabalho amplia nosso entendimento sobre a HP ao demonstrar diferenças claras entre etiologias, tanto na clínica quanto na radiologia. Para neurologistas e reumatologistas, trata-se de um alerta: diante de um caso suspeito, é essencial pensar além da causa autoimune, especialmente em contextos de alta prevalência de tuberculose.

Autoria

Foto de Thiago Nascimento

Thiago Nascimento

Formado em Medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) em 2015. Residência Médica em Neurologia no Hospital Geral Roberto Santos (HGRS) Salvador - Bahia (2016-2019). Membro titular da Academia Brasileira de Neurologia (ABN). Mestrando em Ciências da Saúde pela UFBA (PPGCs - UFBA). Preceptor da Residência de Neurologia do HU- UFS - (Ebserh - Aracaju- SE). Médico Neurologista - Membro do Ambulatório de Neuroimunologia do HU- UFS - (Ebserh - Aracaju- SE). Professor na Afya Educação Médica.

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