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Neurologia3 julho 2025

Enxaqueca crônica: Eficácia e segurança dos bloqueadores de CGRP no tratamento 

Revisão e metanálise avaliou a eficácia e segurança do manejo de enxaqueca crônica em pacientes comórbidos com abuso de analgésicos
Por Jesus Ventura

A enxaqueca, um tipo de cefaleia primária, é uma desordem altamente incapacitante, seja pela disfunção provocada pela dor, quanto pelo uso de medicações abortivas e sintomas posteriores à crise de dor. Frequentemente o paciente com enxaqueca evolui com uso excessivo de analgésicos, o que, sabidamente, é fator de cronificação da dor da enxaqueca e ainda pode contribuir com outra entidade, a cefaleia por abuso de analgésico.  

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Dentre as terapias direcionadas para enxaqueca, encontram-se bem estabelecidos os usos dos anticorpos monoclonais direcionados ao CGRP, substância que desempenha papel fundamental na cascata de dor da enxaqueca. São eficazes e seguros para manejo de enxaqueca crônica. Porém, dados sobre segurança em doses mais altas e pacientes comórbidos com abuso de analgésicos são escassos. Tal questão é analisada na revisão e metanálise discutida.  

Resultados da análise recente

Foram avaliados dados de ensaios clínicos randomizados, obtendo dados de subgrupos de pacientes com enxaqueca crônica e abuso de analgésicos. Das medicações monoclonais, dados mais completos foram vistos para as medicações Eptinezumabe e Erenumabe. Foram incluídos ensaios clínicos randomizados, comparando anti-CGRP com placebo, migrânea crônica com abuso de analgésico e acompanhamento de pelo menos 3 meses.  

Dentre os resultados, pacientes que receberam dose padrão de Eptinezumab (100 mg) e Erenumab (70 mg), apresentaram maior chance de redução de mais de 50% nos dias de dor, comparado ao placebo (OR 2.11, p<0.00001), além disso, a taxa de remissão de cefaleia por abuso também foi maior (OR: 1,78; p=0,01). Quando analisadas doses altas dessas medicações, Erenumab 140 mg e Eptinezumab 300 mg, os resultados são ainda mais eficazes, com maior chance de redução dos dias de dor (OR: 2,43; p < 0,00001) e o dobro de chance na remissão da cefaleia por abuso de analgésico (OR: 2,19; p < 0,00001). Não houve diferença em eventos adversos entre os grupos, mesmo após aumento das doses das medicações monoclonais.  

Mensagens práticas  

  • Esse estudo traz direcionamentos em relação ao tratamento da cefaleia por abuso associada a enxaqueca, quadro de tratamento desafiador na prática médica; 
  • Doses mais altas de monoclonais parecem ser seguros e eficazes, porém são necessários mais estudos populacionais que assegurem tal prática; 
  • No Brasil, devido aos custos de tratamento e recursos disponíveis, geralmente as terapias anti-CGRP costumam ser utilizadas como segunda ou terceira linha em quadros de enxaqueca crônica refratária.

Autoria

Foto de Jesus Ventura

Jesus Ventura

Médico graduado pela AFYA Faculdade de Ciências Médicas de Ipatinga em 2017. Neurologista formado no HCUFMG de 2018 a 2021. Neurologista assistente do IPSEMG. Professor na Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais.

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