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Neurologia18 agosto 2020

O que é a ‘cefaleia do sorvete’?

A “cefaleia do sorvete” é atribuída à ingestão ou inalação de estímulo frio pela Classificação Internacional de Distúrbios da Dor de Cabeça.

A “cefaleia do sorvete” é listada pela Classificação Internacional de Distúrbios da Dor de Cabeça (ICHD-3) como uma cefaleia atribuída à ingestão ou inalação de um estímulo frio.

Para atender aos critérios de diagnóstico deve haver, pelo menos, dois episódios de dor de cabeça frontal ou temporal aguda provocados e ocorridos imediatamente após um estímulo frio no palato e/ou na faringe posterior, melhora do quadro dentro de 10 minutos após a remoção do estímulo e exclusão de outros diagnósticos possíveis.

Embora esse tipo de cefaleia tipicamente ocorra no contexto de ingesta de algo muito frio, também foi relatada durante o surf no inverno e durante a patinação no gelo, assim como na inalação do ar frio.

Leia também: Uma visão geral sobre a “Cefaleia em Trovoada”

Critérios diagnósticos da “cefaleia do sorvete”

Dor de cabeça atribuída à aplicação externa de um estímulo frio:

  • Pelo menos dois episódios agudos de dor de cabeça que preenchem os critérios B e C;
  • Provocada e ocorrendo apenas durante a aplicação de um estímulo externo ao frio na cabeça;
  • Resolução dentro de 30 minutos após a remoção do estímulo frio;
  • Não é melhor explicada por outro diagnóstico da ICHD-3.

Dor de cabeça atribuída à ingestão ou inalação de um estímulo frio:

  • Pelo menos dois episódios de cefaleia frontal ou temporal aguda que preenchem os critérios B e C;
  • Provocada e ocorrida imediatamente após um estímulo frio no palato e/ou parede posterior da faringe pela ingestão de alimentos frios ou bebida ou inalação de ar frio;
  • Resolução dentro de 10 minutos após a remoção do estímulo frio;
  • Não é melhor explicada por outro diagnóstico da ICHD-3.

A maioria dos episódios de cefaleia tem início alguns segundos após a ingesta ou inalação do frio e dura menos de 30 segundos. A localização da dor é mais comumente na região frontal, seguida pela bitemporal ou occipital. É um exemplo de dor referida, onde a estimulação a frio do palato ou da parede posterior da faringe resulta em dor temporal e/ou frontal.

Conclusão

Parece que a enxaqueca e a cefaleia tensional não são fatores de risco para este tipo de cefaleia, porém os sintomas são mais frequentes em indivíduos com diagnóstico de cefaleia primária.

Acredita-se que o mecanismo fisiopatológico subjacente seja vascular. A exposição do palato ou da parede posterior da faringe a uma substância muito fria pode desencadear rápida vasoconstrição e vasodilatação, ativando, assim, os nociceptores na parede do vaso.

Além da prevenção do gatilho, não é necessário tratamento específico. Importante esclarecer aos familiares que essas dores de cabeça são benignas e de curta duração, portanto, a abstinência de ingerir substâncias frias, como sorvete, não é necessária ou recomendada; apenas saboreie devagar.

Referências bibliográficas:

  • Kraya, T., et al. (2019) Prevalence and characteristics of headache attributed to ingestion or inhalation of a cold stimulus (HICS): A cross-sectional study. Cephalalgia.
  • Starling, A. J. (2018). Unusual Headache Disorders. CONTINUUM: Lifelong Learning in Neurology, 24, 1192–1208.
  • Headache Classification Subcommittee of the International Headache Society. The International Classification of Headache Disorders: 2nd edition. Cephalalgia 2004; 24 Suppl 1:9.
  • Fuh JL, Wang SJ, Lu SR, Juang KD. Ice-cream headache–a large survey of 8359 adolescents. Cephalalgia 2003; 23:977.
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