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Neurologia13 junho 2025

História da medicina e da neurologia: da antiguidade às grandes descobertas 

Neste artigo apresentamos os principais pontos para o desenvolvimento do campo da neurologia ao longo da história da medicina
Por Philipe Cunha

A história da medicina é, ao mesmo tempo, a história da curiosidade humana, da luta contra o sofrimento e da busca por compreender os mistérios do corpo — especialmente os do cérebro. A neurologia, ramo que estuda o sistema nervoso, surgiu da necessidade de explicar fenômenos complexos como o pensamento, a consciência, as emoções e as doenças neurológicas que afetam milhões de pessoas em todo o mundo. A seguir, faremos uma viagem pelas principais descobertas que moldaram essa especialidade tão fascinante. 

Antiguidade: O cérebro como um mistério 

As primeiras civilizações viam o coração como o centro do pensamento e das emoções. No Egito Antigo, por exemplo, o cérebro era removido durante a mumificação, pois se acreditava que não tinha importância. No entanto, os papiros egípcios já descreviam sintomas neurológicos, como convulsões e paralisias. 

Na Grécia Antiga, Hipócrates (c. 460–370 a.C.) foi um dos primeiros a afirmar que o cérebro era o centro do pensamento e da sensação. Galeno, séculos depois, realizou dissecações em animais e identificou os ventrículos cerebrais, sugerindo que o cérebro controlava o corpo por meio de “espíritos animais”. 

Idade Média: Estagnação e preservação 

Durante a Idade Média, houve um declínio no avanço científico na Europa, mas os médicos islâmicos preservaram e expandiram o conhecimento greco-romano. Avicena (980–1037) escreveu o “Cânone da Medicina”, obra que influenciaria o ensino médico por séculos e que incluía observações sobre epilepsia, apoplexia e outros distúrbios neurológicos. 

Renascimento: Anatomia e redescoberta 

No século XVI, Andreas Vesalius revolucionou o conhecimento anatômico com sua obra De Humani Corporis Fabrica, descrevendo o cérebro com precisão nunca antes vista. Essa época marcou o início da observação direta e da dissecação como métodos científicos. 

Séculos XVII e XVIII: Eletricidade e comunicação nervosa 

Com os estudos de René Descartes, Thomas Willis e outros, surgiram as primeiras ideias modernas sobre a função cerebral. Willis cunhou o termo “neurologia” e descreveu diversas estruturas cerebrais, como o corpo caloso e os nervos cranianos. 

No século XVIII, Luigi Galvani descobriu que os nervos conduziam eletricidade, um achado fundamental que preparou o terreno para a neurofisiologia moderna. 

Século XIX: A neurologia como especialidade 

Esse século trouxe avanços extraordinários. Paul Broca e Carl Wernicke identificaram áreas cerebrais responsáveis pela linguagem, provando que diferentes regiões do cérebro têm funções distintas. Jean-Martin Charcot, considerado o pai da neurologia moderna, descreveu doenças como esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica e Parkinson, além de treinar discípulos como Sigmund Freud. 

Outros marcos incluem a descoberta dos neurônios por Santiago Ramón y Cajal, que demonstrou que o sistema nervoso é formado por células independentes — um conceito revolucionário, conhecido como doutrina neuronal. 

História da medicina e da neurologia: da antiguidade às grandes descobertas 

Imagem de rawpixel/freepik

Século XX: O cérebro sob o microscópio e a era da imagem 

Com o avanço da microscopia e das técnicas histológicas, a neurologia entrou em sua fase molecular. A invenção do eletroencefalograma (EEG) por Hans Berger permitiu o estudo da atividade elétrica cerebral. 

Na segunda metade do século, a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM) transformaram a neurologia clínica, permitindo visualizar o cérebro vivo em detalhes. Isso facilitou o diagnóstico de lesões, tumores, AVCs e doenças degenerativas. 

Século XXI: Genética, neuroimagem funcional e inteligência artificial 

Hoje, a neurologia está na fronteira da ciência. Estudos genéticos têm identificado mutações responsáveis por doenças raras e hereditárias. Técnicas como a fMRI (ressonância funcional) e o PETscan mapeiam funções cerebrais em tempo real. A neurociência computacional e a inteligência artificial estão começando a prever padrões de doença e personalizar tratamentos. 

Ao mesmo tempo, terapias como a estimulação cerebral profunda (DBS) e novos medicamentos biológicos estão revolucionando o tratamento de distúrbios como Parkinson, epilepsia, esclerose múltipla e Alzheimer. 

Conclusão 

A neurologia percorreu um longo caminho desde os tempos em que o cérebro era ignorado ou mal compreendido. Hoje, é uma das áreas mais dinâmicas e promissoras da medicina, com potencial para transformar profundamente o cuidado com a saúde mental, cognitiva e motora, mas ainda muito a se entender. 

Ao entender sua história, valorizamos ainda mais o presente — e vislumbramos um futuro em que o cérebro humano poderá ser desvendado com ainda mais clareza. 

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