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Neurologia1 junho 2023

Eculizumab é eficaz em adolescentes com miastenia gravis?

A miastenia gravis é uma doença neuromuscular autoimune caracterizada por fraqueza motora flutuante envolvendo músculos oculares, bulbares, dos membros e/ou respiratórios.

A fraqueza causada pela miastenia gravis (MG) se deve a um ataque imunológico mediado por anticorpos direcionado a proteínas na membrana pós-sináptica da junção neuromuscular (receptores de acetilcolina ou proteínas associadas a receptores). A MG é o distúrbio mais comum da junção neuromuscular.

Existem quatro terapias principais usadas para tratar a MG:

  • Tratamento sintomático (inibição da acetilcolinesterase) para aumentar a quantidade de acetilcolina (ACh) disponível na junção neuromuscular;
  • Imunoterapias crônicas (glicocorticoides e agentes imunossupressores e imunomoduladores não esteroides) para atingir a desregulação imunológica subjacente;
  • Tratamentos imunomoduladores rápidos, mas de ação curta (plasmaferese e imunoglobulina intravenosa [IVIG]);
  • Tratamento cirúrgico (timectomia).

O tempo de início do efeito clínico de cada uma dessas terapias para MG varia consideravelmente. Isso desempenha um grande papel, além do ritmo e gravidade da doença, na escolha da terapia apropriada para um determinado paciente.

Os objetivos da terapia na MG são tornar os pacientes minimamente sintomáticos ou melhores, minimizando os efeitos colaterais dos medicamentos. É uma doença crônica, mas tratável, e muitos pacientes podem alcançar remissão sustentada dos sintomas e capacidade funcional total.​

Leia também: Miastenia gravis: um desafio para o anestesista

Eculizumab é eficaz em adolescentes com miastenia gravis?

Apresentação em congresso

Foi apresentado em abril, na reunião anual da American Academy of  Neurology, novidades sobre o tratamento em adolescentes com MG. O inibidor do complemento C5 – eculizumab (já aprovada para adultos) foi eficaz na redução da gravidade da doença e na melhoria das pontuações das atividades da vida diária em adolescentes com MG generalizada refratária.

Se aprovado para adolescentes, o eculizumab seria uma nova opção para pacientes que não tiveram sua doença controlada com outras terapias.

Novo estudo sobre tratamento da miastenia gravis

As descobertas vêm de um estudo aberto de fase 3 em adolescentes de 12 a 17 anos, que tiveram doença refratária após um ano ou mais de tratamento imunossupressor; os pacientes necessitaram de imunoglobulina ou plasmaferese ou foram considerados por seus médicos como tendo sintomas refratários. Onze pacientes foram inscritos, seis dos quais estavam recebendo IVIG. Dez completaram o período de avaliação primária.

Métodos e resultados

Os pacientes receberam infusão de uma dose baseada no peso a cada duas semanas. A mudança média na pontuação total Quantitativa de Miastenia Gravis em 26 semanas foi uma queda de 5,8 pontos em comparação com a linha de base (p = 0,0004). O escore total de MG-Atividades da Vida Diária caiu 2,3 ​​pontos (p = 0,0017).

Os eventos adversos do tratamento foram leves a moderados e nenhuma infecção meningocócica, no estudo os pacientes eram obrigados a receber vacinas meningocócicas.

A disponibilidade de eculizumab pode ajudar os adolescentes a evitar o uso de corticosteroides, que podem causar disglicemia, ganho de peso, hipertensão e, nesta população, podem retardar o crescimento.

Considerações sobre eculizumab na miastenia gravis em adolescentes

Segundo os autores, o objetivo é evitar ao máximo o tratamento de adolescentes com corticosteroides e que o eculizumab forneça aos pacientes com miastenia refratária a opção de um tratamento potencialmente poupador de esteroides para que melhorem sua qualidade de vida em termos de atividades escolares e da vida diária. Reconhecem a dificuldade de precisar visitar um centro de infusão a cada duas semanas. Mesmo no ensaio clínico, cumprir esse cronograma nem sempre foi fácil em meio à escola, férias e outras atividades, às vezes uma visita domiciliar era necessária para manter o tratamento dentro do cronograma.

Conclusão e mensagem prática

O inibidor C5 ravulizumab também está em outros estudos com uma formulação diferente que requer dosagem apenas a cada oito semanas.

As opções para pacientes pediátricos com MG generalizada são limitadas. Este estudo representa um passo à frente para potencialmente ter uma opção disponível para esta população onde realmente não há boas estratégias alternativas, especialmente em casos de MG refratária. Ele oferece dados que apoiam o benefício clínico, é uma extensão dos achados observados em ensaios com adultos, embora seja um estudo muito pequeno.  Não está claro se o estudo fornece ou não dados suficientes para uma indicação de rotulagem pelo FDA para o eculizumab nesta população.

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Referências bibliográficas

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