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Neurologia7 março 2025

Doença de Alzheimer: Qual o impacto de atividades cognitivas ao longo da vida? 

Estudo examinou a associação das atividades cognitivas durante o início, a meia-idade e o fim da vida com o risco de demência da doença de Alzheimer
Por Jesus Ventura

A doença de Alzheimer (DA) é uma doença neurodegenerativa, importante causa de demência ao redor do mundo. Existem diversos fatores de risco ambientais e genéticos que se relacionam ao seu desenvolvimento. Dentre tais fatores de risco, sabe-se que a educação desempenha papel fundamental no desenvolvimento intelectual e que baixos níveis educacionais são vinculados a maiores taxas de demência na população idosa.  

Assim, o artigo “Cognitive Activity From Early to Late Life and the Risk of AD Dementia: A Life-Course Study” avalia o impacto de desenvolver demência de Alzheimer em pacientes submetidos a atividades educacionais cognitivas desde a infância até fases mais avançadas de idade. 

Sobre o estudo 

O estudo utilizou dados do Chicago Health and Aging Project (CHAP). Tal banco de dados é proveniente de um estudo longitudinal abrangendo população de Chicago. As atividades cognitivas foram divididas em três grupos: de início da vida, meia-idade e terceira idade. Foram consideradas atividades no primeiro grupo (criança): leitura, contar história, jogar jogos. Já no segundo grupo, atividades relacionadas a informações de trabalho, ocupação, complexidade de trabalho. No terceiro grupo: leituras (jornais, revistas, livros), visitar museus, jogar xadrez, etc. O número de componentes do estudo foi de 1.950, maioria do sexo feminino. Os pacientes preenchiam questionários informando sobre as atividades enquanto crianças e adultos e investigados quanto a atividades na terceira idade, com frequência das atividades.  

Outros fatores de risco, como doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, tabagismo, nível socioeconômico, foram auto informados no questionário. Foi avaliada ainda presença de mutação no gene da APOE e4, sabidamente fator de risco relacionado ao desenvolvimento da DA. Além disso, realizada avaliação clínica com neurologista para diagnóstico de demência na DA. As análises estatísticas foram estratificadas por sexo, raça e status de portador de APOE e4. 

Leia também: Indicação de uso dos biomarcadores plasmáticos em indivíduos com cognição normal?

Quais resultados foram encontrados? 

As atividades cognitivas realizadas na meia-idade e na terceira idade foram correlacionadas com redução no risco de demência por DA. Já as atividades de início da vida não tiveram a mesma correlação.  Um dado interessante é que atividades cognitivas executadas mesmo em idades mais avançadas foram relacionadas a menor impacto em declínio cognitivo, o que fortalece a ideia de estimular pacientes idosos na prática de atividades cognitivas, podendo ser utilizada como medida de intervenção em estratégias preventivas de demência.  

Importante destacar que, apesar de não ter tido correlação com redução de demência, atividade cognitiva na infância (ou seja, no início da vida) é fundamental para o desenvolvimento cognitivo e engajamento para fases adultas e mais avançadas da vida. Outro ponto diz respeito à teoria da reserva cognitiva. Pessoas submetidas a estimulação cognitiva ao longo da vida apresentam maior fortalecimento em suas conexões neuronais, tornando-se mais resistentes ao impacto da neuropatologia e degeneração por DA. 

Doença de Alzheimer: Qual o impacto de atividades cognitivas ao longo da vida? 

Considerações e recomendações: atividades cognitivas e Alzheimer

  • Apesar de ser baseado em população de Chicago, sabemos do impacto educacional na cognição e ao longo da vida, com redução de chances de demência, assim, recomenda-se como estratégia de prevenção estimular os pacientes do ponto de vista cognitivo, mesmo em fases mais avançadas da vida; 
  • Importante lembrar que estratégias preventivas de demência não atuam de forma isolada, sendo fundamental alinhar dieta, exercício físico, controle de outros fatores de risco clínicos, evitar isolamento social e estimular o paciente na mudança de estilo de vida; 
  • São necessários estudos para avaliar o real impacto de estimulação cognitiva no começo da vida na prevenção de Doença de Alzheimer. Outro ponto é a necessidade de estudos em nossa população para extrapolar com segurança os dados de tal estudo. 

Saiba mais: Hipertireoidismo subclínico e o risco de demência

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