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Neurologia24 maio 2021

ATS 2021: Doença de Alzheimer e declínio cognitivo – boas noites de sono podem prevenir?

Estudos recentes mostram a importância apneia obstrutiva do sono para o risco de desenvolvimento de doença de Alzheimer. Saiba mais.

Por Bruna Provenzano

A apneia obstrutiva do sono atinge cerca de 2 a 9% da população adulta, sendo pouco reconhecida pelos clínicos e desvalorizada pelos pacientes. A sua correlação com estado inflamatório crônico, obesidade e hipertensão de difícil controle já são bem estabelecidos. Contudo, estudos recentes mostram a importância dessa condição para o risco de desenvolvimento de doença de Alzheimer (DA) e declínio cognitivo acelerado.

doença de alzheimer

A doença de Alzheimer

Ela é caracterizada pela perda progressiva de memória e disfunção executiva. Sua base fisiopatológica é relacionada ao acúmulo de placas β-amiloide e neurofibrilas conhecidas como proteína TAU. Na sua palestra, professor Craig L Phillips descreve os possíveis mecanismos que a apneia obstrutiva do sono (AOS) poderia levar ao acúmulo de proteína β-amiloide e TAU no Sistema Nervoso Central (SNC).

Para haver um equilíbrio entre produção e clearance dessas proteínas, é fundamental ter um sistema glinfático funcionante (mecanismo alternativo de drenagem, visto não haver sistema linfático no SNC). Para isso, o ciclo circadiano, as variações entre produção de líquor e drenagem, assim como as oscilações normais de pressão arterial ao longo do dia, contribuem para um cérebro mais saudável. A AOS interfere em todos esses mecanismos, havendo ativação simpática, redução do clearance de proteínas, hipertensão noturna e ativação do córtex, gerando maior neurotoxicidade. Com isso, o acúmulo desse lixo neurológico prejudica a formação de memória e acelera o envelhecimento cerebral.

Leia também: Combinação de atividades saudáveis reduz risco de demência de Alzheimer; veja quais

doença de Alzheimer
adaptado de: Iliff JJ, Wang M, Liao Y, et al. A paravascular pathway facilitates CSF flow through the brain parenchyma and the clearance of interstitial solutes, including amyloid β. Sci Transl Med. 2012;4(147):147ra111. doi:10.1126/scitranslmed.3003748

A correlação entre memória e a AOS é evidenciado com os estudos de intervenção com o uso de CPAP (continous positive airway pressure). O professor Andrew William Varga trouxe dados de estudos recentes que mostram a reversibilidade da perda de memória com o tratamento da AOS, revelando que o uso crônico de PAP (positive airway pressure) pode restabelecer a formação de memória.

doença de Alzheimer

Mensagem prática

  • Apneia obstrutiva do sono é muito prevalente e pouco diagnosticada;
  • Alzheimer e declínio cognitivo são doenças neurodegenerativas sem cura. Logo, o foco deve ser na prevenção e identificação dos pacientes com risco dessas doenças;
  • O tratamento com PAP permite reversão da perda de memória e desacelera a perda cognitiva.

Referências bibliográficas:

  •  Musso G, Cassader M, Olivetti C, et al: Association of obstructive sleep apnoea with the presence and severity of non-alcoholic fatty liver disease. A systematic review and meta-analysis. Obes Rev 14:417–431, 2013. 
  • Iliff JJ, Wang M, Liao Y, et al. A paravascular pathway facilitates CSF flow through the brain parenchyma and the clearance of interstitial solutes, including amyloid β. Sci Transl Med. 2012;4(147):147ra111. doi:10.1126/scitranslmed.3003748
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