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Neurologia3 novembro 2022

Atividades de lazer estão associadas a menor risco de demência?

A demência afetou 50 milhões de pessoas em todo o mundo em 2018, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A demência é um problema de saúde muito prevalente, à medida em que a expectativa de vida aumenta, o número de pessoas acometidas deverá atingir aproximadamente 152 milhões até 2050. A doença de Alzheimer (DA) e a demência vascular (DV) são os dois principais subtipos.

Apesar de novos tratamentos e do avanço das pesquisas, nenhum deles pode curar a demência ou alterar sua progressão patológica. A OMS recomenda investir em programas na tentativa de redução do risco de desenvolvimento da demência. Programas de prevenção baseados em evidências são necessários para diminuir ou retardar o seu aparecimento. Atividades de lazer, incluindo atividade física, cognitiva e sociais são os principais componentes de estilos de vida modificáveis e saudáveis e são benéficos para a cognição.

Leia também: Cardiomiopatia atrial aumenta risco de desenvolvimento de demência?

Atividades de lazer estão associadas a menor risco de demência

Benefícios do lazer sobre a demência

Estudos anteriores mostraram que as atividades de lazer estavam associadas a vários benefícios para a saúde, como menor risco de câncer, redução da fibrilação atrial e bem-estar subjetivo. No entanto, as evidências do papel das atividades de lazer na prevenção da demência precisam de mais estudos.

Evidências de estudos em humanos sugerem que a atividade física está relacionada a níveis mais baixos de placas β-amiloides cerebrais e proteínas tau, que foram implicadas na progressão da DA. Ela também é benéfica para atenuar a perda de volume de substância cinzenta relacionada a β-amiloide no cérebro, melhorando as deficiências na neurogênese e plasticidade do hipocampo e reduzindo o estresse oxidativo. A mesma atividade de longo prazo foi associada à melhoria da função cognitiva com aumento do fator neurotrófico e da sinaptofisina.

Uma metanálise e revisão sistemática de estudos longitudinais publicada no dia 10 de outubro de 2022 na revista Neurology discutiu o tema.

Métodos

Su S, Shi L, Zheng Y, e colaboradores revisaram os bancos de dados Cochrane, Embase, PubMed e Web of Science para determinar o impacto que diferentes tipos de atividades de lazer tiveram na demência. Eles identificaram 38 grandes estudos longitudinais que se concentraram em associações entre demência e atividades de lazer cognitivas, físicas e sociais.

Eles definiram atividades de lazer como “atividades nas quais os indivíduos se envolveram para o prazer ou bem-estar”. Exemplos: ler, assistir televisão, jogar jogos, tocar instrumentos musicais e fazer artesanato (atividades cognitivas); exercícios e dança (atividades físicas); participar de aulas, reuniões com entes queridos e voluntariado (atividades sociais).

O estudo incluiu 2.154.818 pessoas na linha de base e, durante o período de acompanhamento, 74.700 casos de demência por diversas etiologias, 2.848 casos de DA e 1.423 casos de DV.

Resultados

Os pesquisadores descobriram “que as atividades físicas (RR 0,83, IC 95% 0,78–0,88), cognitivas (RR 0,77; IC 95% 0,68–8–8) e sociais (RR 0,93; IC 95% 0,87–0,99) estavam associadas a uma diminuição da incidência de demência de diversas etiologias.

Além disso, atividades físicas (RR 0,87; IC 95% 0,78–0,96) e cognitivas (RR 0,66; IC 95% 0,52-0.85) estavam relacionadas a um risco reduzido de DA e foi associada a uma menor incidência de DV (RR 0,67; IC 95% 0,53–0,0).

Conclusão

Em conclusão, as pessoas que praticam atividades de lazer (físicas, cognitivas ou sociais) têm um risco menor de desenvolver demência. Algumas dessas atividades afetaram inversamente seus riscos para a doença de Alzheimer (DA) e demência vascular (DV).

As atividades cognitivas ajudam as pessoas a manter e melhorar as habilidades, incluindo pensamento, memória, raciocínio e velocidade de processamento, de acordo com alguns trabalhos, e em camundongos mutantes com patologia semelhante à DA elas parecem modular a progressão da doença e aumentar a neurogênese do hipocampo, regulando as neurotrofinas e o fator neurotrófico derivado do cérebro.

As atividades sociais, enquanto isso, têm um efeito protetor na função cognitiva, que podem estar associadas ao aprimoramento do contato social, ao apoio emocional e à redução da depressão e do estresse.

Saiba mais: Novo consenso brasileiro de demências – 2022

Considerações finais sobre o lazer contra demência

Estudos futuros devem incluir grandes tamanhos de amostra e longo tempo de acompanhamento para avaliar objetivamente as atividades de lazer com base em métodos padrão para revelar mais associações entre atividades de lazer e demência.

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Referências bibliográficas

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