Anestesia fora do centro cirúrgico: cuidados
O avanço tecnológico de exames diagnósticos ou terapêuticos cria a necessidade de maiores cuidados com a anestesia pelo profissional.
Atualmente com o avanço tecnológico de exames de imagens diagnósticos ou terapêuticos, houve o aumento da necessidade do envolvimento do profissional de anestesia durante a realização dos mesmos para maiores cuidados com o paciente e menor incidência de complicações.
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Complicações
Esses exames são na maioria das vezes realizados fora do centro cirúrgico e consequentemente em ambientes com deficiência de estrutura para a realização de um ato anestésico 100% seguro. Podemos citar algumas complicações relacionadas como reações alérgicas e anafiláticas por causa do uso de contraste, depressão respiratória, arritmias, hipotermia, instabilidades hemodinâmicas e complicações inerentes ao próprio procedimento. Por conta disso, algumas diretrizes e protocolos foram estabelecidos para que o anestesista posso trabalhar nas condições ideais.
Pacientes alvos
A maior parte dos pacientes que necessitam de anestesia para a realização desses exames são pacientes pediátricos, psiquiátricos, ansiosos, claustrofóbicos, ou que apresentam alguma patologia cujo tratamento deva ser realizado por via radiológica. Dentre esses exames temos a tomografia computadorizada (TC), ressonância nuclear magnética (RNM), neuroradiologia intervencionista, procedimentos hemodinâmicos e eletroconvulsoterapia. Alguns pacientes que apresentam condições como obesidade mórbida, apneia obstrutiva do sono, anomalias faciais e orotraqueais, ortopneia e posição ventral devem ter atenção redobrada as vias aéreas.
Em relação aos exames acima citados, todos eles devem seguir um protocolo de segurança em relação a aparelhagem e ambiente*. A anestesia pode variar desde uma sedação simples como uma anestesia geral com intubação traqueal, dependendo do exame e tipo de paciente. Independente do tipo de anestesia, certos cuidados devem ser sempre tomados e uma equipe treinada deve estar disponibilizada.
*JEJUM obrigatório para todos os procedimentos. A quebra de jejum é contraindicação absoluta para realização dos mesmos.
Cuidados que sempre devem ser tomados
- Monitorização básica obrigatória com cardioscópio, oxímetro e pressão arterial não invasiva. Capnografia em casos selecionados. Em casos de RNM, os aparelhos de monitorização devem ser livres de ferro ou colocados fora da sala de exame. E os pacientes não podem estar portando nenhum objeto de metal, como próteses, órteses ou clips.
- Deve-se testar todos os equipamentos antes da realização da anestesia.
- Material de ressuscitação (desfibrilador) assim como drogas de emergência a mão e de fácil acesso. Laringoscópio com tubos de tamanhos adequados é indispensável além de material de vias aéreas difíceis, se possível.
- Sempre promover o aquecimento do paciente a fim de evitar hipotermia causada pela temperatura baixa das salas de procedimento.
- Sempre assegurar uma fonte de oxigênio confiável com capacidade para todo o período de tempo do procedimento, além de um aparelho de aspiração à vácuo.
- Em caso de utilização de anestésico inalatório usar um sistema de absorvedor para evitar a contaminação do ambiente.
- Ter sempre disponível um sistema bolsa-válvula-máscara caso haja necessidade de ventilação sob máscara com pressão positiva com capacidade de fornecer FiO2 mínima de 90%.
- Iluminação adequada do ambiente e fácil e rápido acesso ao paciente, principalmente às vias aéreas e acessos venosos caso haja uma necessidade de intervenção de emergência.
- Acesso visual direto e constante ao paciente durante todo o procedimento, mesmo que seja por câmeras, espelhos ou janelas de proteção.
- O anestesista pode solicitar a interrupção do exame a qualquer momento.
- O anestesista deve administrar medicações que promovam uma anestesia satisfatória, que possibilite a realização do exame de uma maneira eficaz e que tenha um despertar tranquilo e rápido, pois a maioria dos exames são realizados de forma ambulatorial.
- Pacientes de grupo de risco para reações ao contraste como pacientes atópicos, com história prévia e asmáticos, extremos de idade, cardiopatas, nefropatas ou com alterações metabólicas devem ser vistos com mais cautela. Reações moderadas, são normalmente autolimitadas e bem responsivas a tratamentos de suporte e sintomáticos.
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Todos os procedimentos que requerem anestesia e são realizados fora do centro cirúrgico representam um desafio a mais para segurança do ato. Portanto, os protocolos de segurança devem ser sempre estabelecidos e seguidos.
Referências bibliográficas:
- Oliveira BAMFM, Pereira FMR, Ribeiro JM, Gomes TH. Anestesia para procedimentos fora do bloco cirúrgico – protocolo de cuidados. Rev Med Minas Gerais. 2010;20(2 Supl 3):S12-S18.
- Szalados JE. Anesthesia in remote locations. Int Anesthesiol Clin. 2009;47(2):105-31.
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