A ablação por ultrassom focalizado (FUSA) unilateral do globo pálido para a doença de Parkinson (DP) mostrou-se mais eficaz do que os procedimentos simulados para melhorar os escores de incapacidade ou discinesia após três meses, de acordo com a New England Journal of Medicine.
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A FUSA não envolve incisão cirúrgica. É realizada com orientação em tempo real com ressonância magnética. Baixos níveis de energia sonora, com efeitos de aquecimento reversíveis, são aplicados primeiro, e o teste detecta eficácia preliminar ou efeitos colaterais e pode ver se o local deve sofrer ablação permanente, então, ela é realizada na esperança de que haja uma melhora imediata e sustentada.
Métodos
Neste estudo, 94 pacientes foram inscritos, sendo 69 randomizados para o procedimento FUSA e 25 para o procedimento simulado. Os pacientes tinham que ter DP idiopática, responsividade à levodopa e discinesia ou flutuação motora no estado sob medicação. O desfecho primário foi uma melhora no comprometimento motor, de acordo com MDS-UPDRS Parte III, ou na discinesia, de acordo com a Unified Dyskinesia Rating Scale, sob medicação.
Resultados
Os autores relatam que 69% no grupo de tratamento ativo tiveram uma resposta em comparação com 32% que tiveram o procedimento simulado. Dezenove tiveram melhora no comprometimento motor, oito na discinesia e dezoito em ambos.
Uma melhora de três pontos em cada escala foi considerada uma resposta e a melhora geral média no escore de discinesia foi de 2,9 pontos no grupo de tratamento ativo em comparação com 0,3 pontos no grupo de controle. A melhora geral média no comprometimento motor foi de 4,9 pontos no grupo de tratamento ativo e 1,0 ponto no grupo de controle.
Embora não houvesse resultado de qualidade de vida, por si só, o MDS-UPDRS Parte II, que mede os aspectos motores da vida diária, não diferiu significativamente entre o procedimento e os grupos simulados.
Numa análise de acompanhamento, apenas 30 pacientes que realizaram o FUSA apresentaram uma resposta em três meses e a mantiveram por 12 meses.
Quarenta e três pacientes tiveram algum tipo de evento adverso, com 14 atribuídos ao procedimento, como: disartria, distúrbios da marcha e perda do paladar, além de distúrbios visuais e fraqueza facial leve.
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Considerações
Em suma, a ablação palidal unilateral por ultrassom resultou em uma porcentagem maior de pacientes com uma resposta em termos de comprometimento motor e pontuações de discinesia em três meses do que um procedimento simulado, mas foi associada aos efeitos neurológicos adversos. Um número substancial de pacientes não teve uma resposta — especialmente uma resposta duradoura que durasse 12 meses, conforme observado em acompanhamento.
Conclusão e mensagem prática
Os resultados sugerem que nem todos os pacientes obtiveram um benefício significativo da intervenção. Dada a natureza irreversível e a progressão da doença, será importante estabelecer se as melhorias nas complicações motoras são mantidas por períodos mais longos e se o tratamento por ablação por ultrassom focalizado (FUSA) resulta em melhora funcional e na qualidade de vida dos pacientes.
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