CBMFC 2025: Atualizações clínicas em destaque na Medicina de Família e Comunidade

Os dois primeiros dias do Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade (CBMF 2025) trouxeram uma boa programação clínica, diretamente conectada à prática cotidiana na atenção primária à saúde (APS). A seguir, reunimos os principais temas clínicos abordados nesse período.

Cuidados paliativos: abordagem integral na APS

As discussões sobre cuidados paliativos enfatizaram o momento da transição da terapêutica curativa para a paliativa, reforçando o papel do médico de família no reconhecimento e manejo de sintomas prevalentes como náuseas, constipação, delirium e perda de peso. Estratégias farmacológicas e não farmacológicas foram detalhadas, com foco na condução centrada no paciente e na família.

Hipertensão arterial: atualizações diagnósticas e terapêuticas

Com base nas evidências mais recentes, foi debatido o uso de métodos como AMPA, MRPA e MAPA para diagnóstico de HAS, além da escolha adequada de monoterapia ou terapia combinada, para o manejo dessa que é a condição clínica mais prevalente na APS brasileira.

Estratificação de risco cardiovascular: decisões orientadas por ferramentas

Em que situações calcular o risco cardiovascular? Quais calculadoras usar? Essas e outras questões foram tratadas em uma sessão voltada à prática clínica, que também abordou o uso racional de estatinas, intervenções no estilo de vida e os impactos dos determinantes sociais e ambientais sobre o risco cardiovascular.

Saúde mental na APS: experiências integradas no SUS

A mesa sobre intervenções psicossociais em saúde mental apresentou experiências inovadoras como o projeto MeditaSUS no Rio de Janeiro, que utiliza mindfulness na promoção do bem-estar em comunidades vulneráveis. Experiências de Jacareí (SP) e de Boa Vista (RR) com populações indígenas mostraram caminhos concretos para a integração entre APS e RAPS.

Vertigem: abordagem diagnóstica e terapêutica estruturada

A oficina prática sobre vertigem forneceu ferramentas úteis para o diagnóstico diferencial das principais causas da queixa, que é frequente na APS. Foram aplicadas manobras diagnósticas e terapêuticas, como a de Dix Hallpike e de Epley, além da construção de fluxogramas clínicos adaptados à realidade dos serviços.

Reversão do diabetes tipo 2: o papel das estratégias alimentares

Baseada em evidências científicas recentes, a oficina sobre reversão do diabetes tipo 2 discutiu dietas de baixo carboidrato como alternativa viável à bariátrica. Também foram abordados os critérios atuais para se considerar remissão, manejo de medicações e apresentação prática de alimentos utilizados nesse contexto.

Pré-natal na APS: fitoterapia, suplementação e papel da ultrassonografia

Uma das mesas dedicadas ao pré-natal trouxe reflexões importantes sobre o cuidado integral à gestante. Destacou-se a discussão sobre o uso seguro de fitoterapia durante a gestação, e as indicações atualizadas de suplementação, como o ácido fólico e o sulfato ferroso, além do atual reconhecimento do carbonato de cálcio na prevenção de pré-eclâmpsia, que já conta com respaldo das evidências e recomendação para uso no SUS, embora sua disponibilidade ainda seja limitada em muitos municípios.

Outra questão relevante foi a reflexão sobre a não obrigatoriedade da ultrassonografia obstétrica no pré-natal, mesmo sendo um exame de baixo custo, com alto valor diagnóstico. A apresentação destacou as diferentes USGs indicadas — desde a inicial e as morfológicas até o doppler e a ecocardiografia fetal —, enfatizando seu papel no rastreio de malformações, avaliação da circulação fetal e detecção precoce de intercorrências.

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