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Na semana passada, falamos sobre o manejo de trauma torácico na atenção primária de acordo com o ATLS 10. Hoje vamos falar sobre a avaliação secundária, na qual deve ser realizado um exame físico mais detalhado, com atenção para sons respiratórios, veia jugular e condição hemodinâmica. Inclua exames complementares, sendo os mais comuns:
Simples e não invasivos
- Gasometria arterial
- Eletrocardiograma
- Radiografia de tórax
- Ultrassom – De preferência na modalidade eFAST ou POCUS, para olhar pulmão, pleura, cava e coração
A depender das condições hemodinâmicas
- Tomografia computadorizada
A TC é um excelente método de avaliação do paciente politraumatizado e é o padrão ouro para avaliação pleural, do parênquima pulmonar e lesão de grandes vasos. Com os aparelhos multicanais, ficou bem mais rápida, podendo ser feitas em um maior número de pacientes.
No ATLS, são 8 doenças a serem buscadas na avaliação secundária:
Doença ou Lesão | Pistas | Exame | Tratamento |
Pneumotórax | Dispneia | Mais rápido: Rx tórax | Drenagem pleural |
Murmúrio abolido unilateral | Melhor: TC tórax | Indispensável antes de transporte aéreo ou ventilação mecânica | |
Percussão com hipersonoridade | |||
Desvio traqueia para lado oposto | |||
Hemotórax | Dispneia | Mais rápido: Rx tórax | Drenagem pleural |
Murmúrio abolido unilateral | Melhor: TC tórax | Cirurgia (toracotomia) se > 1500 ml e/ou > 200ml/h por 2-4h | |
Percussão com macicez | Toracocentese diagnóstica | ||
Hipotensão / hipovolemia | Não confie na cor do sangue para saber se arterial ou venoso | ||
Flail Chest | 2 ou + costelas fraturadas em 2 ou + locais | Mais rápido: Rx tórax | Analgesia |
Dispneia com retração costal paradoxal | Melhor: TC tórax | Ventilação mecânica | |
Contusão Pulmonar | Dispneia | Mais rápido: Rx tórax | Analgesia |
Hipoxemia | Melhor: TC tórax | Oxigenoterapia | |
Infiltrado no Rx ou TC | |||
Pode haver hemoptóicos ou hemoptise | |||
Contusão Cardíaca | Dor | ECG | Suporte |
Hipotensão | Ecocardiograma | ||
Déficit segmentar | Troponinas não são úteis | ||
Arritmias | |||
Alterações inespecíficas ECG | |||
Lesão Aorta | Dor | TC tórax | Cirurgia imediata! |
Choque circulatório em grande trauma | Na dúvida, em traumas de grande impacto, tomografe! | Mantenha FC < 80 bpm e PAM < 60-70 mmHg | |
Alargamento do mediastino (mas pode ser falso negativo em até 15% dos casos no Rx!) | |||
Ruptura Diafragma | Dispneia | Mais rápido: Rx tórax | Suporte |
Murmúrio abolido unilateral | Melhor: TC tórax | Ventilação Mecânica | |
Fundo gástrico na região torácica no Rx | Uma opção inusitada é passar SNG e ver se no Rx aparece nos campos pulmonares | Correção cirúrgica | |
Ruptura Esofageana | Pneumotórax esquerdo | TC tórax | Cirurgia o mais precoce possível |
Pneumomediastino | Suporte, incluindo antibióticos para mediastinite | ||
Saída secreção salivar e/ou alimentar pelo dreno pleural |
Uma dica importante é a avaliação do esterno: se fraturou, é porque o impacto foi muito grande e neste cenário sempre pesquise lesão de órgãos internos! O mesmo raciocínio se aplica às lesões de primeiro ou segundo arco costal.
Nas lesões costais, do quarto ao nono arco é muito comum e a prioridade é a analgesia, pois com dor o paciente respira mal, acumula secreção e faz pneumonia! Já as fraturas do 10º ao 12º arco devem levar ao rastreamento de lesões hepáticas e esplênicas.
Leia mais: ATLS 10: conheça novidades na abordagem do trauma pélvico
O enfisema de subcutâneo raramente é um problema, a não ser que acometa a região cervical, onde pode comprimir as vias aéreas. A grande informação é que indica algum vazamento e você deve rastrear lesões de traquéia, pulmão/pleura ou esôfago.
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