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Dormir bem no hospital é especialmente importante pelo efeito do sono sobre patologias diversas e sua recuperação. Privação de sono se relaciona com quadros inflamatórios e aumento do risco cardiovascular¹. Pacientes com sono inadequado apresentam piores taxas de pressão arterial, delirium e disglicemia. Isso resulta em mais medicações, polifarmácia, efeitos colaterais e aumento dos custos.
E como dormem os pacientes internados? O racional seria imaginarmos maior disponibilidade de sono passando-se o dia já deitado no leito hospitalar do que durante a rotina comum.
Sono do paciente hospitalizado
Uma pesquisa holandesa com dois mil pacientes em 39 hospitais aplicou questionários comparando o sono domiciliar com aquele durante o período de internação. O tempo de sono dentro do hospital foi em média 83 minutos menor, com mais despertares noturnos e pior qualidade de sono do que em casa. Mas algo chamou atenção dos pesquisadores: em dois terços dos casos, um fator que provocava pior qualidade do sono era causado pelo próprio hospital, como barulho de sensores e conversas de corredor².
E como podemos melhorar a qualidade de sono? Aplicando a S.I.E.S.T.A. O acrônimo nos direciona para seis passos, pontos de melhoria viáveis para implantarmos em nosso hospital a custo mínimo:
S: screen for sleep disorders. Rastrear pacientes de risco, foco em apneia do sono e insônia.
I: Instruct your patients. Instruções quanto a higiene do sono e hábitos saudáveis de sono.
E: Eliminate awakenings. Eliminar despertares ajustando horário de medicações.
S: Shut doors. Feche as portas, isolando conversas e evitando-as nos corredores.
T: Treat symptoms. Trate os sintomas, como dor ou ansiedade que interferem no sono.
A: Alarm and Noise control: alarmes e barulhos de equipamentos devem ser revistos.
A aplicação de pontos abordados SIESTA mostrou-se benéfica com significância estatística em melhorar o sono dos pacientes durante um treinamento de seis meses, contando principalmente com o engajamento da equipe de enfermagem, reduzindo sonorização dos aparelhos e modulando o tom da comunicação com técnicas de coaching³.
Os hospitais no Brasil carecem de iniciativas assertivas para otimização do sono de pacientes internados, ainda que atitudes simples e viáveis estejam disponíveis.
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Referências:
- Dettoni JL, Consolim-Colombo FM, Drager LF, Rubira MC, de Souza SB, Irigoyen MC, Mostarda C, Borile S, Krieger EM, Moreno H Jr, Lorenzi-Filho G. Cardiovascular effects of partial sleep deprivation in healthy volunteers. J Appl Physiol 113: 232–236, 2012
- Wesselius HM et al. Quality and quantity of sleep and factors associated with sleep disturbance in hospitalized patients. JAMA Intern Med 2018 Jul 16
- Arora VM et al. Effectiveness of SIESTA on Objective and Subjective Metrics of Nighttime Hospital Sleep Disruptors. J. Hosp. Med 2019;1;38-41. doi:10.12788/jhm.3091
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